sexta-feira, 23 de março de 2012

Garoto tentou queimar mulher 2 dias antes

Dois dias antes de ter seu corpo queimado, quando dormia sobre um colchão numa praça de Linhares, a moradora de rua Marinalva da Silva Alves, 56, que morreu na sexta-feira, em consequência das queimaduras, havia sido alvo da tentativa do mesmo crime, praticado pelo mesmo adolescente de 16 anos, que está em liberdade.


Quem afirma é o delegado Fabrício Lucindo, chefe do Departamento de Polícia Judiciária da cidade, e que apreendeu (o correspondente à prisão) o rapaz depois do ato infracional (nome equivalente a crime, usado quando o autor é menor de 18 anos).


acarifotosefatos.blogspot.com.br
Cercado


Lucindo diz que o adolescente, em seu depoimento, disse que a mulher só não foi queimada antes porque percebeu sua aproximação. Dois dias depois, ele colocou fogo em vários pontos do colchão, quando ela dormia, próximo a outros dois moradores de rua.

"O rapaz praticamente cercou o colchão, feito de material inflamável, com fogo. Ele confessou tudo e disse que não estava arrependido do que fez".

O delegado diz que outros dois moradores de rua e duas testemunhas confirmaram a história contada pelo garoto. E admite que ficou surpreso com o fato de o Ministério Público ter se manifestado a favor da liberação do adolescente.

"Como não mantê-lo internado, depois de ter cometido um ato tão bárbaro, de enorme repercussão?", indaga o delegado.

Mas Lucindo faz questão de frisar que confia na decretação da internação do adolescente pela Justiça, lembrando que muitos moradores de Linhares, indignados com o crime, mantêm essa mesma expectativa.


O adolescente está em casa com os pais, que segundo o delegado são de classe média baixa e muito conhecidos na comunidade. No dia da apreensão do garoto, o delegado diz que o pai foi surpreendido também com a informação de que o filho era usuário de drogas.

Padre critica a não apreensão de adolescente

Membro das pastorais do Menor e Carcerária da Arquidiocese de Vitória, padre Saverio Paolillo, mais conhecido como Padre Xavier, criticou o fato de o adolescente que, segundo a polícia, confessou ter queimado a moradora de rua, não ter sido apreendido numa unidade de internação.

"Se fosse Marinalva a cometer o crime, por não ter residência fixa e por não estar estudando e trabalhando, permaneceria na cadeia. Contradições como estas encontro aos montes nas minhas andanças pelo sistema socioeducativo e penitenciário", diz Padre Xavier, no texto intitulado "A história de Marinalva: uma moradora de rua queimada viva".

Para ele, quem comete um delito deve assumir as consequências de seus atos. "Sempre defendi essa tese, apesar de ser injustamente acusado de defender bandidos", argumenta.

"Marinalva merece justiça porque era um ser humano e uma cidadã brasileira", diz o padre, defendendo "uma medida mais enérgica" para o responsável pelo ato que vitimou a mulher.

MP: dúvidas em depoimentos

O Ministério Público disse que representou contra o adolescente, mas voltou a frisar que depoimentos de testemunhas deixam dúvidas sobre a intenção do garoto na prática do ato infracional. Sobre a reintegração do adolescente à família, diz que se deu "diante da confirmação de domicílio fixo e comprovação de que ele é estudante, com a responsabilização para comparecimento em juízo quando for determinado".

Fonte: Retirado do site http://gazetaonline.globo.com  em 20 de março de 2012 às 18h56min.

Nenhum comentário:

Postar um comentário