Quem afirma é o delegado Fabrício Lucindo,
chefe do Departamento de Polícia Judiciária da cidade, e que apreendeu (o
correspondente à prisão) o rapaz depois do ato infracional (nome equivalente a
crime, usado quando o autor é menor de 18 anos).
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Lucindo diz que o adolescente, em seu
depoimento, disse que a mulher só não foi queimada antes porque percebeu sua
aproximação. Dois dias depois, ele colocou fogo em vários pontos do colchão, quando
ela dormia, próximo a outros dois moradores de rua.
"O rapaz praticamente cercou o colchão,
feito de material inflamável, com fogo. Ele confessou tudo e disse que não
estava arrependido do que fez".
O delegado diz que outros dois moradores de
rua e duas testemunhas confirmaram a história contada pelo garoto. E admite que
ficou surpreso com o fato de o Ministério Público ter se manifestado a favor da
liberação do adolescente.
"Como não mantê-lo internado, depois de
ter cometido um ato tão bárbaro, de enorme repercussão?", indaga o
delegado.
Mas Lucindo faz questão de frisar que confia
na decretação da internação do adolescente pela Justiça, lembrando que muitos
moradores de Linhares, indignados com o crime, mantêm essa mesma expectativa.
O adolescente está em casa com os pais, que segundo o delegado são de classe média baixa e muito conhecidos na comunidade. No dia da apreensão do garoto, o delegado diz que o pai foi surpreendido também com a informação de que o filho era usuário de drogas.
Padre critica a não apreensão de adolescente
Membro das pastorais do Menor e Carcerária da
Arquidiocese de Vitória, padre Saverio Paolillo, mais conhecido como Padre
Xavier, criticou o fato de o adolescente que, segundo a polícia, confessou ter
queimado a moradora de rua, não ter sido apreendido numa unidade de internação.
"Se fosse Marinalva a cometer o crime,
por não ter residência fixa e por não estar estudando e trabalhando,
permaneceria na cadeia. Contradições como estas encontro aos montes nas minhas
andanças pelo sistema socioeducativo e penitenciário", diz Padre Xavier,
no texto intitulado "A história de Marinalva: uma moradora de rua queimada
viva".
Para ele, quem comete um delito deve assumir
as consequências de seus atos. "Sempre defendi essa tese, apesar de ser
injustamente acusado de defender bandidos", argumenta.
"Marinalva merece justiça porque era um
ser humano e uma cidadã brasileira", diz o padre, defendendo "uma
medida mais enérgica" para o responsável pelo ato que vitimou a mulher.
MP: dúvidas em depoimentos
O Ministério Público disse que representou
contra o adolescente, mas voltou a frisar que depoimentos de testemunhas deixam
dúvidas sobre a intenção do garoto na prática do ato infracional. Sobre a
reintegração do adolescente à família, diz que se deu "diante da
confirmação de domicílio fixo e comprovação de que ele é estudante, com a
responsabilização para comparecimento em juízo quando for determinado".
Fonte: Retirado do
site http://gazetaonline.globo.com em 20 de março de 2012 às 18h56min.
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