Não simpatizo com movimentos sexistas, não
acredito em igualdade e não gosto de leis ou atos que favoreçam gêneros no
mercado de trabalho. Não me sinto confortável em comemorar o Dia das Mulheres,
porque penso que sou injusta com os homens por não retribuir a gentileza. Mas
espere: caso eu tenha despertado algum desconforto em você, não desista de ler
este artigo e me deixe fazer entender.
Pensemos em três variáveis sobre essa
questão.
Primeiro - Historicamente as mulheres estão
faz pouco tempo no mercado de trabalho. Na medida em que o tempo passa, creio
que a importância de distinção de gêneros tende a diminuir. Façamos a conta. Há
quanto tempo os homens saíram de seus lares e foram ao "mercado" buscar
a "provisão"? Desde quando foram treinados para isso? Desde os
primórdios, quando saíam à caça para trazer o alimento enquanto as mulheres
cuidavam da colheita, do espaço familiar e doméstico. Resultado: há milhares de
anos os homens são culturalmente programados para o mercado de trabalho.
E as mulheres? Embora pontualmente as
mulheres sempre tenham contribuído para o sustento familiar (vide Revolução
Industrial - quando saíam com as crianças para o trabalho e em culturas onde a
tradição designa funções específicas para ela), efetivamente e de maneira
global esse é um advento muito recente com menos de 100 anos. Falando de
Brasil, não temos nem 50 anos de preparação feminina para o mercado de
trabalho. Portanto, com o passar dos anos essa presença, inclusive em cargos de
liderança, tende a atingir estatísticas mais igualitárias.
Segundo - A mudança cultural está acontecendo
tanto no papel feminino quanto no masculino. O homem não é mais apenas o
provedor material assim como a mulher não é apenas provedora de afeto e
presença na vida dos filhos e da família. Assim como as mulheres, os homens
privilegiam novos valores. É cada dia mais comum homens levarem seus filhos ao
médico, enquanto suas mulheres estão em reuniões de trabalho. Nesta nova
dinâmica, os papeis domésticos e de provisão material são divididos e
reinventados o tempo inteiro.
3ipbcg.org.br |
Essa geração entende que tanto o pai quanto a
mãe devem comparecer às reuniões escolares, ao pediatra ou ao que for
necessário. De certa forma essa mudança cultural alivia a dupla jornada da
mulher e proporciona uma maior dedicação ao trabalho e, consequentemente,
aumentam suas chances de ascensão profissional.
A concepção masculina de paternidade também
mudou. Os homens cada vez mais querem estar com seus filhos e isto auxilia as
mulheres com suas carreiras. Finalmente a sociedade está introjetando outros
fatos óbvios: homem também tem uma vida familiar, os filhos precisam da
presença masculina em suas vidas e "Reunião de Pais" termina com
"s" no plural (e vejam bem, esse evento não se chama Reunião de
Mães). Isso elimina a falsa sensação de que apenas a mulher pode ter como ponto
limitador da carreira o fato de ter família e filhos, simplesmente porque os
homens também os têm.
Terceiro ponto - Ainda que as mulheres gastem
mais tempo com sua "carreira doméstica e familiar" (inclusive pelo
papel biológico da concepção), e que 80% das empresas avaliam a disponibilidade
dos entrevistados na hora de contratar, a tecnologia tende a suprir as
necessidades das mulheres de conciliar sua carreira profissional com suas
aspirações familiares. É inegável que a maioria das mulheres engravida, tem
filhos e constitui família. Mas com a tecnologia disponível hoje, cada vez mais
se torna possível que a mulher exerça cargos de liderança mesmo estando
fisicamente distante da empresa. Aliás, o bom líder é aquele que cria uma
equipe que consegue produzir sem a sua presença.
Além disso, notebooks, smartphones e outras
tecnologias criam uma nova dinâmica em que as pessoas levam o trabalho para
seus lares e, quando necessário, inserem sua vida pessoal no horário comercial
sem causar prejuízos para a empresa e para a carreira.
Por fim gostaria de me apresentar. Sou
executiva, mãe, esposa, irmã, filha, esportista, vizinha, amiga e assim como
você (seja homem ou mulher) assumo vários papeis. Sei que não é uma jornada
fácil, mas essa foi a escolha que fiz. Toda liderança requer renúncia, assim
como toda escolha. Eu sabia que teria obstáculos, mas me preparo a cada dia
para eliminá-los (prefiro eliminar a transpor, caso eu tenha que percorrer o
caminho de volta). E acredito num futuro onde o mérito e os perfis de liderança
sejam discutidos com maior relevância, sem ignorar que homens e mulheres são
realidades do mundo corporativo seja em qual posição for e com seus neurônios,
emoções, testosteronas e estrogênios têm muito a contribuir para o futuro da
gestão no mundo.
Fonte: Retirado do site http://www.rh.com.br/ em 06 de março de 2012 às
17h53min.
Nenhum comentário:
Postar um comentário