terça-feira, 8 de novembro de 2011

A cada 15 segundos, uma mulher é espancada no Brasil

Atenção, mulheres brasileiras: pela primeira vez, uma pesquisa nacional traça um retrato de um problema que deve ser discutido sem meias palavras por todo mundo: a violência contra a mulher. Uma das surpresas da pesquisa: a violência psicológica causa tantos danos quanto à violência física.


http://www.portugues.rfi.fr/
A cada 15 segundos, uma mulher é espancada no Brasil. Por quê? A bebida e o ciúme são apontados como a principal causa da violência contra a mulher, na pesquisa nacional realizada pela Fundação Perseu Abramo. Os dados são realmente impactantes. Quase metade das mulheres já sofreu algum tipo de violência (43%).

 

A pesquisa mostra que as mulheres denunciam a violência principalmente quando são ameaçadas com armas (31%), espancadas a ponto de ficarem com marcas, cortes ou fraturas (21%) ou quando os filhos também são ameaçados (19%). “As mulheres não precisam ser espancadas, não precisam ser agredidas violentamente para denunciar. A simples ameaça já caracteriza esse crime”, explica a delegada Martha Rocha.


No Brasil, 27% das mulheres sofrem violência psíquica. “Eu digo que a pior violência é a psicológica, porque ela passa a ser um terreno fértil para o surgimento de violências físicas e sexuais”, revela a assistente social Marisa Chaves de Souza Gaspare.
 

“Eu acho que é a violência que consegue prender mais dentro de casa você, porque ela não é tão clara e ela consome muito porque o tempo todo você está ouvindo ali que não adianta você sair de casa. Você não vai conseguir resolver sua vida”, diz a psicóloga Graziele Leão.
 

Violência física: 36% entre as que nunca foram à escola e 27% entre as de escolaridade superior. Violência psíquica: 22% entre as que nunca foram à escola e 24% entre as de escolaridade superior. A pesquisa mostra ainda que quanto maior a renda e o nível de escolaridade da mulher menor o índice de violência física sofrido. Mas o caso da violência psíquica, essa acontece praticamente com a mesma intensidade em todas as classes sociais.
 

Daisy Regina Gomes, por exemplo, é professora primária e sofreu durante sete anos agressão física e psicológica. Que tipo de agressão psicológica? “Tirar os filhos, dizer que eu não ia ficar com as filhas, que me mataria, cortaria em pedacinhos, colocaria dentro de uma geladeira, quando alguém viesse a sentir o cheiro já era tarde e que fugiria com as crianças, coisas assim terríveis mesmo”, detalha a professora.
 

Outro dado importante: 13% das mulheres sofrem abuso sexual por parte de seus maridos. “A lei civil não autoriza a violência ou a coação nas relações sexuais. Portanto as mulheres podem ser vítimas de estupro praticado por seus maridos”, explica a delegada Martha Rocha. “Procurem um centro de atendimento, procure uma delegacia especial de atendimento à mulher e saiba que já existe um sistema de proteção à mulher, onde nós temos casas abrigo para mulheres vítimas de violência, que certamente vai te auxiliar a se refazer, a se reestruturar, a ter uma nova vida em outras bases”, completa Marisa.
 

Na pesquisa, as próprias mulheres veem o abrigo para elas e seus filhos como a principal arma de combate à violência. Além das delegacias da mulher e dos telefones gratuitos de denúncia e socorro. No Brasil existem apenas 307 delegacias especializadas no atendimento à mulher, número que não cobre nem 10% dos municípios brasileiros.
 

Fonte: Retirado do site http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,15603,00.html  em 05 de novembro de 2011 às 20h43min.

Nenhum comentário:

Postar um comentário