Trabalhador denuncia Aracruz Celulose por
discriminação racial
A Aracruz Celulose foi denunciada na Justiça do
Trabalho pelo crime de discriminação racial, entre outros. A denúncia é do
funcionário Clausner Silva dos Santos, dirigente sindical, negro, que trabalha
na empresa desde 1996. Nesta quarta-feira (20) houve audiência de instrução do
processo, em Aracruz, norte do Estado. O movimento negro não pôde acompanhar a
audiência.
Os representantes de diversas entidades negras
ficaram revoltados em não poder acompanhar a audiência. Segundo Isaías Santana
da Rocha, presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos (CEDH) e
coordenador do Fórum Estadual de Entidades Negras, processos sobre
discriminação racial são, em princípio, públicos.
Destacou que discorda da decisão do juiz em
decretar segredo de Justiça no processo, a pedido da Aracruz Celulose. E
informou que os movimentos negros se mobilizarão para participar da audiência
de julgamento, marcada para o dia 2 de abril próximo, às 10h.
Segundo Clausner Silva dos Santos, desde que
entrou nos quadros funcionais da Aracruz Celulose, em 1996, ele só não foi
vítima de discriminação quando trabalhou em São Mateus e na Bahia, por cerca de
sete meses. Sua função é de controlador de transporte.caffezaletal.blogspot.com.br |
No processo, o trabalhador da Aracruz Celulose
afirma que foi vítima de perseguição, assédio moral, discriminação e racismo.
Informa que recebia tratamento diferenciado em relação a seus colegas da mesma
função. Se saia até o pátio, era observado. Diz que tinha de relatar o que ia
fazer, por onde havia andado. É que, como dirigente sindical, observava as
condições de segurança do pátio, entre outras coisas, e cobrava providências.
Em relação ao assédio moral, Clausner Silva dos
Santos relata que ocorreu, por exemplo, quando o gerente da área impediu seu
acesso às informações da empresa, medida tomada durante suas férias. Quando
voltou ao trabalho, não tinha como exercer corretamente suas atividades por
falta de acesso a estas informações, essenciais ao trabalho.
A discriminação racial era praticada com a
conivência da empresa. Relata o funcionário que um colega se referia a ele como
“negro sujo” ao falar dele e do seu trabalho.
Quando teve de se afastar, para fazer quatro
cirurgias no joelho, o colega o substituía e se queixava desta substituição a
seus superiores, na presença de outros funcionários, e dizia que o afastamento
do trabalho “era coisa de negro sujo”.
As agressões, diz Clausner Silva dos Santos, foram
relatadas oralmente à empresa, em 2003. No ano seguinte, por escrito e com
testemunhas, à Aracruz Celulose o funcionário relatou a discriminação racial. A
Aracruz Celulose se calou.
Agora responde ao processo na Justiça do Trabalho.
Clausner Silva dos Santos diz que só continua funcionário da Aracruz Celulose
por ter estabilidade no trabalho, pois atuou como cipeiro e agora é diretor
suplente do Sindicato dos Empregados na Indústria de Celulose, o Sinticel.
Clausner Silva dos Santos requereu à Justiça do
Trabalho que a Aracruz Celulose lhe pague indenização pelas agressões que
sofreu. A indenização deve ser de aproximadamente R$ 300 mil.
Como percebido no texto, apesar de ser do no de 2008, a questão da discriminação persiste nos dias de hoje, está presente no nosso cotidiano, em todos os espaços, instituições; com homens e mulheres de várias idades. Por experiência própria presencio constantemente situações de preconceito contra o sujeito negro praticado por familiares, no local de trabalho, no comércio. Ocorre de forma velada e sutil, conforme textos já estudados em módulos anteriores. Questionados sempre tentam justificar suas condutas não racistas e preconceituosas e se sentem ofendidas quando são levadas a refletirem o comportamento tão arcaico, sujo, pobre e ignorante.
Como percebido no texto, apesar de ser do no de 2008, a questão da discriminação persiste nos dias de hoje, está presente no nosso cotidiano, em todos os espaços, instituições; com homens e mulheres de várias idades. Por experiência própria presencio constantemente situações de preconceito contra o sujeito negro praticado por familiares, no local de trabalho, no comércio. Ocorre de forma velada e sutil, conforme textos já estudados em módulos anteriores. Questionados sempre tentam justificar suas condutas não racistas e preconceituosas e se sentem ofendidas quando são levadas a refletirem o comportamento tão arcaico, sujo, pobre e ignorante.
Coleciono várias situações de preconceito,
tais como:
A mãe negra diz em meu local de trabalho “ele
vai ficar preto igual a mim (o pai é branco)!” e alguém responde: “Tadinho!”-
me indignei verbalmente na mesma hora e a pessoa sem graça tentou
justificar-se.
Todos assistindo um determinado programa de
televisão cujo tema do dia era os diversos penteados para pessoas com cabelos
crespos. Fui chamada para ver um determinado penteado e ouvir o desabafo de uma
colega que tenta me convencer que alguns penteados são feios ou exagerados.
Diante discussão apareceram pelo menos mais umas 3 colegas (todas brancas). Ao
final foi unânime: nenhuma delas admitiu respeito às diferenças, diversidade
cultural, de que cada um tem o direito de ser e estar na sociedade conforme
suas origens e vontades.
Em meu chá de bebê muitos ficaram abismados,
senão chocados, com a figura de uma bebê negra no convite e em toda a
decoração, pelo simples fato de meu marido ter a pele clara e a minha negra.
Ouvi muitas frases do tipo “sua filha não vai ser “morena” ela vai ser
clarinha ou “morena clara”. Ela pode nascer com os olhos verdes, azuis por
causa da avó!”. Até minha mãe foi alvo de espanto “Nossa Jussara fez o
desenho de uma neném escura!!!”, vindo minha mãe a sentir-se ofendida e muito
chateada respondeu “ Jussara valoriza a raça dela e sabe do que está fazendo!”
Mas a pior situação foi a de ouvir várias
insinuações de um parente e perceber em sua face a preocupação durante os 9
meses de que a minha filha nascesse não apenas negra, mas com o cabelo crespo “destoando”
da sua origem que é “europeia”. Ouvi-la criticar a aparência da pessoa negra e
saber que minha filha teria inúmeras possibilidades referente à condição física
sempre me deixou chateada, frustrada, com raiva, chocada – com todos aqueles
que em pleno século XXI ainda tem suas mentes enraizadas num passado
escravista, colonial, atrasado e é lamentável ainda assim ter que conviver com
essas pessoas que ainda assim gosto e que são meus colegas/amigos/familiares.
Por fim voltando ao texto de Ubervalter
Coimbra o negro continua enfrentado o grande abismo da desigualdade, mesmo
tendo conquistado muitos direitos, tendo um nível maior de escolaridade,
alcançado oportunidades melhores de emprego etc.
Mas como o ditado: “sou brasileira e não desisto
nunca” – de acreditar que o mundo será mais igual para todos e todos
serão mais iguais.
Fonte:
Texto produzido pela aluna GPP-GeR/UFES – Jussara Passos – Polo Aracruz
– ES, com base em experiências
pessoais e reportagem retirada do seculodiario.com.br em 28 de maio de 2012 às
12h20min.
Pra que?
ResponderExcluirBom informar que este processo transitou em julgado (não cabe mais recuro) em dezembro/2012 em Brasília e a empresa foi condenada. Abraços a todos. Claisner Silva dos Santos.
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