O Ministério Público Federal, em São Paulo, entrou com uma Ação Civil
Pública contra a TV Globo e a União. Pediu liminar que proíba a emissora de
transmitir cenas relacionadas, mesmo que em tese, ao que considera prática de
crimes durante o programa Big Brother Brasil. À União, o MPF requer que a
Justiça Federal determine a obrigação de fiscalizar o reality show por meio da
Secretaria de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações.
A liminar é motivada pelos episódios
ocorridos na última edição da atração, em que foram exibidas cenas com
suspeitas de abuso sexual. Para o MPF, mesmo após reconhecer o abuso e o
potencial crime na conduta de Daniel Echaniz e a consequente expulsão dele do
BBB, "a Rede Globo deixou de adotar medidas em prol da reparação dos danos
causados pela exibição das imagens em questão, atentando, desta forma, contra
os propósitos do Poder Público e da sociedade no sentido da afirmação dos
direitos humanos da mulher, da desconstrução do estigma de submissão do sexo
feminino ao sexo masculino e de combate à violência de gênero no Brasil",
afirma Dias.
"O MPF optou por
ajuizar a ação após o fim do programa para termos oito meses para debater o
desrespeito aos direitos da mulher na TV e, também, como as emissoras podem
intervir nos reality shows de modo a impedir que crimes ou cenas sugerindo
crimes ocorram e, caso ocorram, deixem de ir ao ar. Evitamos ainda gerar uma
publicidade gratuita ao programa caso fosse discutida a questão com o programa
no ar", afirma o procurador regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo,
Jefferson Aparecido Dias.
diariopernambucano.com.br |
Na mesma ação, MPF requer que o Ministério
das Comunicações fiscalize o programa e que Globo seja condenada a produzir e
exibir campanha sobre Direitos da Mulher e contra a violência de gênero.
Ao final do processo, o MPF requer, além da
manutenção das eventuais liminares concedidas, que a Rede Globo seja condenada
a elaborar e divulgar campanha de conscientização à população acerca dos
direitos das mulheres, visando a erradicação da violência de gênero, além de
adotar as medidas necessárias para monitorar as condutas praticadas pelos participantes
do reality show com o intuito de impedir a exibição de imagens atentatórias aos
valores éticos e sociais ou a imediata reparação dos danos causados pela
eventual exibição dessas imagens.
Em 17 de janeiro deste ano, o Ministério
Público Federal em São Paulo, após milhares de manifestações de telespectadores
nas redes sociais e reportagens, abriu procedimento visando apurar a violação
de direitos da mulher no BBB 12.
A causa foi a exibição, na madrugada de 15 de
janeiro deste ano, de imagens de um suposto estupro de vulnerável ocorrido no
programa, constatado por telespectadores da atração em sistema pay-per-view,
que desconfiaram da prática do abuso pelo fato de que enquanto ambos estavam na
mesma cama ocorreram movimentos característicos de sexo entre os participantes
Daniel e Monique, sendo que ela aparentemente dormia em razão de excesso de
consumo de álcool.
As cenas exibidas deram margem à
interpretação de sexo não consensual e, no mesmo dia, o assunto tomou
proporções nas redes sociais e em sites, naquele dia e nos seguintes.
Entretanto, na avaliação do MPF, mesmo após a
advertência do público, a direção do programa nada fez para remediar os danos
do suposto crime e da veiculação das imagens. Pior, "de forma imprudente,
realizou a exibição de trecho destas imagens no programa transmitido na noite
do mesmo dia 15 de janeiro".
Para o procurador Dias, autor da ação, a
direção do BBB e a Rede Globo só adotaram providências após a instauração do
inquérito policial (que abriu a investigação após uma representação externa),
quando decidiu expulsar Daniel do programa, por infração ao regulamento do
reality show, conforme informado pelo apresentador Pedro Bial na edição de 16
de janeiro.
A Rede Globo foi questionada pelo Ministério
Público Federal do Rio de Janeiro, que também instaurou procedimento para
apurar os fatos ocorridos no reality show. Em síntese, a emissora afirmou que o
BBB "não se trata de uma obra de ficção, mas de um reality que, sem
roteiro previamente aprovado — promove convivência entre pessoas de diferentes
origens, provocando reações espontâneas entre os participantes". Disse
ainda que as cenas entre Daniel e Monique não foram ao ar na TV aberta, o que
não corresponde à gravação obtida pelo MPF da edição do dia 15, que contém um
trecho da cena.
Para o MPF, a Globo errou ao não ter tentado
intervir na cena entre Daniel e Monique e errou novamente ao manter a cena no
ar por tanto tempo e errou uma terceira vez por não ter acionado a Polícia.
Segundo o MPF, a falta de ação da Globo para
evitar a exibição da cena e a ocorrência dela, não importando se na TV aberta
ou fechada, são graves violações aos princípios do artigo 221 da Constituição,
à Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
Mulher (Convenção de Belém do Pará), de 1995, ao art. 28 do Regulamento dos
Serviços de Radiofusão, de 1963, e à Lei Maria da Penha, que prevê no inciso
III de seu artigo 8º "o respeito, nos meios de comunicação social, dos
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papeis
estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e
familiar". Com informações da assessoria de imprensa da Procuradoria da
República - SP.
Leia aqui o pedido do MPF.
Fonte: Retirado do
site www.agenciapatriciagalvao.org.br em 02 de maio de 2012 às 13h00min.
Muito importante essa decisao, pois num País em que se luta diariamente pela efetivação dos direitos humanos, nao podemos permitir que um orgao de comunicação com imenso poder de formação de opniao realize espetaculos que vão atentar contra a imagem da mulher e da pessoa humana... Que sirva de exemplos para outras emissoras que apresentam em seus quadros serias deturpações sobre as mulheres. Obrigada!!!!
ResponderExcluirDecisão realmente importante, só que além de ser uma empresa formadora de opinião, ela também manipula essa formação, induzindo o telespectador em suas áreas de interesse. Um belo exemplo disso é o BBB, no mesmo horário tem muitas programações melhores, mas mesmo assim o programa é campeão de audiência, disseminando entre os brasileiros a conduta da inveja, da arrogância, da falta de educação, do ser ocioso, a fofoca, a falsidade....aí alguém vai falar....mas as pessoas são assim....as pessoas também matam, brigam na rua, xingam no trânsito, e nem por isso quero ver isso na televisão...acredito que a Globo, como grande empresa que é, deveria além de contribuir com o entretenimento das famílias brasileiras, deveria contribuir com a educação e formação do caráter delas...e um grande passo para se alcançar isso seria tirar o BBB do ar....mas, sabemos que não irá acontecer...resta-nos então torcer para que a Justiça a obrigue a realizar aquilo que ela deveria fazer por si só.
ResponderExcluirAnderson Pissinate Poltronieri
Aluno GPP-GeR - UFES - Polo Aracruz