terça-feira, 29 de maio de 2012

“Ser diferente é normal”

Não seria uma tarefa difícil se em nosso município existisse uma comunicação entre as redes. Notamos uma grande dificuldade em conseguirmos dados na delegacia da mulher e as pessoas ainda não denunciam crimes de racismo, por tanto não temos dados estatísticos, porém a partir de nossa atuação em uma comunidade que apresenta todas as demandas apresentadas no decorrer não só do módulo, mas também de todo o curso, podemos socializar nossa visão sobre como isso é tratado na comunidade.



A experiência de gestão tem sido aos poucos também adquirida por alguns colegas do grupo através de um curso de “Capacitação de Lideranças e Organizações Sociais” promovido pelo Instituto Votorantim, Fibria e ACES.


                         wikipedia.org
Neste curso, ministrado pelo professor Luciano Macal, que tem como objetivo melhorar a prática profissional de gestão na Barra do Riacho e qualificar as entidades locais.  Temos uma grande troca de experiências de todas as entidades participantes, como o CRAS, Projeto Resgate, Associação de Moradores e outros. No entanto vemos como a questão de gênero e raça nunca é lembrada na sociedade, nem mesmo como pano de fundo das discussões.



Sabemos como a Barra do Riacho sempre foi sinônimo de prostituição, devido à zona portuária localizada no distrito, porém constatamos que hoje não existe nenhum projeto ou instituição que trabalhe as questões de gênero e raça. À mulher está sempre delegado o papel de múltiplas funções, no entanto não existe um grupo que as apóie nessa situação de descriminação que a anos elas enfrentam.



Essas iniciativas de trazer para a própria comunidade a construção de propostas a serem trabalhadas a partir das demandas sociais apresentadas pela própria comunidade são muito válidas, pois sabemos que o planejamento e todos os itens relevantes serão desenvolvidos pelo próprio público-alvo.



Trabalhamos em uma comunidade marcada por um histórico de mulheres em sua maioria negras, que são vítimas de suas próprias histórias, estas marcadas por violência em todas suas esferas.



Atuamos como Assistentes Sociais em um CRAS, e neste o papel é ser a “porta de entrada” para todas as demandas sociais daquela comunidade. Em Vila e em Barra do Riacho, somos referencia e ponte para que os cidadãos dali tenham acesso a benefícios de direito.



Por estarmos atuando diretamente com as pessoas que residem na comunidade conseguimos identificar vários problemas ligados as questões de gênero e também por questões de cor. Já mencionamos anteriormente em outros textos que um dos problemas está ligado diretamente aos indivíduos, atendemos pessoas negras que quando pedimos que indique a cor que possuem apresentam dificuldades em dizer “preto (a)”. Ou seja, na própria comunidade e entre eles próprios deve-se haver algo relacionado a questões culturais, para que haja uma reeducação para aceitação, há a necessidade de se trabalhar o preconceito em todas as suas esferas, tanto com o outro quanto com o indivíduo em si.



A visão das pessoas em relação ao papel da mulher na sociedade, o preconceito sobre o que é negro, todas as construções sociais que tornaram nossa sociedade machista e preconceituosa, é necessário criar mecanismos para que os direitos das pessoas não sejam violados todos os dias, custaria muito menos ao “Estado”, educar, e não falo da educação que acontece somente dentro de quatro paredes em uma instituição chamada escola, falo em capacitação dos profissionais que atuam com pessoas, pois infelizmente muitas vezes levamos para nossos trabalhos aquilo que acreditamos e aprendemos no decorrer de nossa vida e esquecemos que cada ser, cada pessoa, cada individuo é e deve ser protagonista de sua própria história, assim a educação a que me refiro realmente existiria, pois esta seria baseada no respeito, respeito ao que o outro é, independente da pigmentação da pele, religião, gênero, orientação sexual ou qualquer coisa que biologicamente não o torna igual aos demais.


Fonte: Texto produzido pelas alunas GPP-GeR/UFES – Jaiane Loureiro e Walesca Fisch – Polo Aracruz – ES.

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