A experiência de gestão tem sido aos poucos
também adquirida por alguns colegas do grupo através de um curso de
“Capacitação de Lideranças e Organizações Sociais” promovido pelo Instituto
Votorantim, Fibria e ACES.
wikipedia.org
|
Neste curso, ministrado pelo professor
Luciano Macal, que tem como objetivo melhorar a prática profissional de gestão
na Barra do Riacho e qualificar as entidades locais. Temos uma grande troca de experiências de
todas as entidades participantes, como o CRAS, Projeto Resgate, Associação de
Moradores e outros. No entanto vemos como a questão de gênero e raça nunca é
lembrada na sociedade, nem mesmo como pano de fundo das discussões.
Sabemos como a Barra do Riacho sempre foi
sinônimo de prostituição, devido à zona portuária localizada no distrito, porém
constatamos que hoje não existe nenhum projeto ou instituição que trabalhe as
questões de gênero e raça. À mulher está sempre delegado o papel de múltiplas
funções, no entanto não existe um grupo que as apóie nessa situação de
descriminação que a anos elas enfrentam.
Essas iniciativas de trazer para a própria
comunidade a construção de propostas a serem trabalhadas a partir das demandas
sociais apresentadas pela própria comunidade são muito válidas, pois sabemos
que o planejamento e todos os itens relevantes serão desenvolvidos pelo próprio
público-alvo.
Trabalhamos em uma comunidade marcada por um
histórico de mulheres em sua maioria negras, que são vítimas de suas próprias
histórias, estas marcadas por violência em todas suas esferas.
Atuamos como Assistentes Sociais em um CRAS,
e neste o papel é ser a “porta de entrada” para todas as demandas sociais
daquela comunidade. Em Vila e em Barra do Riacho, somos referencia e ponte para
que os cidadãos dali tenham acesso a benefícios de direito.
Por estarmos atuando diretamente com as
pessoas que residem na comunidade conseguimos identificar vários problemas
ligados as questões de gênero e também por questões de cor. Já mencionamos
anteriormente em outros textos que um dos problemas está ligado diretamente aos
indivíduos, atendemos pessoas negras que quando pedimos que indique a cor que
possuem apresentam dificuldades em dizer “preto (a)”. Ou seja, na própria
comunidade e entre eles próprios deve-se haver algo relacionado a questões
culturais, para que haja uma reeducação para aceitação, há a necessidade de se
trabalhar o preconceito em todas as suas esferas, tanto com o outro quanto com
o indivíduo em si.
A visão das pessoas em relação ao papel da
mulher na sociedade, o preconceito sobre o que é negro, todas as construções
sociais que tornaram nossa sociedade machista e preconceituosa, é necessário
criar mecanismos para que os direitos das pessoas não sejam violados todos os
dias, custaria muito menos ao “Estado”, educar, e não falo da educação que
acontece somente dentro de quatro paredes em uma instituição chamada escola,
falo em capacitação dos profissionais que atuam com pessoas, pois infelizmente
muitas vezes levamos para nossos trabalhos aquilo que acreditamos e aprendemos
no decorrer de nossa vida e esquecemos que cada ser, cada pessoa, cada
individuo é e deve ser protagonista de sua própria história, assim a educação a
que me refiro realmente existiria, pois esta seria baseada no respeito,
respeito ao que o outro é, independente da pigmentação da pele, religião,
gênero, orientação sexual ou qualquer coisa que biologicamente não o torna
igual aos demais.
Fonte: Texto produzido pelas alunas GPP-GeR/UFES – Jaiane Loureiro e Walesca Fisch – Polo Aracruz – ES.
Nenhum comentário:
Postar um comentário