quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Bate Papo

Como forma de estabelecer uma comparação entre o que foi estudado nos textos do módulo 02 do Curso de pós-graduação em Gestão de Políticas Públicas de Gênero e Raça ministrado pela Ufes no Pólo de Aracruz, realizei uma entrevista com uma jovem mulher negra.



Em conversa ela em permitiu divulgar seu nome e uma foto sua além das informações obtidas na entrevista.

Princila e Janaina - Arquivo pessoal Princila

Entrevistei Janaina Nogueira do Nascimento, Negra, 23 anos de idade, nascida em Aracruz. Como somos grandes amigas a conversa se deu de forma bem descontraída e até divertida.

Quando questionei se ela já havia sofrido algum tipo de discriminação por ser negra e ela me respondeu com muitos risos "é claro né!”, comentou que na infância eram muito frequentes as piadinhas de mau gosto por causa do cabelo, por causa especificamente da cor da pele, pela condição financeira e outros, mas também com um largo sorriso no rosto disse que "eu nunca liguei pra isso não, às vezes ficava triste, mas, com o passar do tempo fui aprendendo a lidar com essas situações e a tirar de letra" situações como essa.

Questionei se ela já havia passado por situações delicadas ou difíceis para inserção no mercado de trabalho e sorrindo ela me respondeu que nunca precisou trabalhar, mas, suas irmãs sempre encontravam dificuldades de inserção no mercado, sempre estavam disponíveis apenas as vagas de faxineira quando podiam assumir vagas administrativas.

No intuito de melhor competir por uma vaga no mercado, Janaína passou no processo seletivo do IFES para cursar Automação industrial em Vitória. Sem hesitar foi para as salas de aulas.

Em seu primeiro dia de aula segundo ela, ficou abismada, pois, era a única mulher na sala de aula. Logo nos primeiros dias sentiu um pouco de dificuldades para se enturmar, mas com muito bom humor e jogo de cintura rapidamente se tornou amiga de todos e também a queridinha da sala, todos de alguma forma tentam agrada-la.

As vizinhas e pessoas próximas a ela também ficaram assustadas com o fato, pois, além dela ser a única mulher na sala de aula, esta área é tradicionalmente conhecida como uma área de atuação masculina.

Mas ao contrário do que muitos imaginavam ela não desistiu e pelo contrário, está se esforçando para ser a melhor aluna da classe. Em comentários Janaína informou que normalmente a inserção de profissionais dessa área do conhecimento é rápida, pois há uma carência de profissionais neste ramo.

Perguntei se ela já havia participado de algum processo seletivo para inserção no mercado de trabalho e ela nos disse que ainda não, pois, ainda não chegou à fase de estágio.

Pedi que ela deixasse um recadinho para as nossas leitoras e nossos leitores e ai vai o recadinho do coração:

"Você leitora negra não se deixe abalar pelos comentários preconceituosos e piadinhas de mau gosto com relação a sua cor. Goste de você do jeito que você é e não se sinta inferiorizada. Assuma o controle de sua vida e não deixe que ninguém diga o que você deve fazer. Sonhe alto e vá atrás de seus sonhos. Seja radiante!"

E eu, é claro, não poderia deixar de comentar que o que importa não é a cor da pele, nem quanto de dinheiro que você tem, e sim o seu caráter!

Abraços a todos, Princila.

Texto produzido pela aluna GPPGR Princila da Cunha, polo UAB Aracruz.

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