No início de 2006, a Empresa Aracruz Celulose S. A. lançou uma campanha pública – que envolveu notas em jornais, abaixo-assinados e passeatas de seus funcionários diretos e terceirizados – com o intuito de mostrar para a população capixaba que os índios tupinikins não são índios e sim famílias que se aglutinaram em torno de sua planta industrial para conseguir emprego, ou seja, migrantes vindos de outros estados brasileiros. A empresa resiste em devolver para as populações indígenas parte do território tradicional (11.009 hectares) ocupado por ela, ainda no período da Ditadura Militar. Como estratégia, ela busca colocar os povos indígenas como entrave do desenvolvimento local e regional, ao mesmo tempo, nega a presença histórica dessas populações no Espírito Santo. Observa-se que parte expressiva da população de Aracruz e vários gestores, apoiaram as iniciativas da empresa. Isso poderia ser justificado pelo fato de que grande parte dos trabalhadores da empresa reside na região e, ainda, que as atividades da empresa movimentam a economia local.
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O resultado dessa campanha difamatória é o aumento da intolerância e do preconceito contra os Tupiniquins e Guarani, em espaços públicos e privados, em especial, nas escolas. Há crianças e adolescentes indígenas que frequentam escolas da rede municipal de ensino. As expressões “índio têm que morrer” ou “índio é preguiçoso”, entre tantas outras, são comuns. O comportamento intolerante tem alterado o cotidiano dos indígenas que já não circulam pela cidade com a tranquilidade de antes. As mães têm receio de seus filhos serem maltratados por professores e alunos, por isso, hesitam em deixá-los ir para a escola.
Diante de uma situação difícil vivenciada pelos povos indígenas, a escola, que hoje se manifesta mais como espaço de exclusão do que inclusão, constituindo um link de estudo importante para se entender porque o município, por meio de seu projeto de educação, não tem conseguido contribuir para a construção de relações interculturais mais respeitosas e construtivas. A escola é uma instituição que faz sentido para os povos indígenas no contexto de contato com a sociedade envolvente, quando serve de instrumento a favor de suas lutas. A educação escolar deve proporcionar os conhecimentos necessários para a compreensão das estruturas da sociedade majoritária, ao mesmo tempo, deve reconhecer e valorizar a existência das “minorias”, dos diferentes. Deve, ainda, contribuir para a construção dos direitos humanos e para a autonomia dos povos.
Outra ação realizada pelas empresas locais contra os indígenas que nelas trabalhavam, foi um vídeo elaborado pela Aracruz Celulose, onde em locais de trabalho era exibido para todos os funcionários, incluindo os indígenas, que eram obrigados assistir em silencio, sem poder se defender, tornando humilhante para os mesmos, diziam que eram invasores ....., para concluir e demonstrar o forte preconceito, um rapaz da Aldeia de Pau Brasil, fez um cadastro em uma determinada empresa da região, e no dia que o chamaram para uma entrevista, ao perceberem o endereço do referido rapaz, disseram que a vaga não existia. Os Indígenas conseguiram conquistar seu território, após vários movimentos de reivindicação, mantendo suas culturas com firmeza no gênero e raça nas quais são reconhecidos e que não escondem.
Texto produzido pela aluna GPPGR Jovilde da Penha Favalessa Almeida, polo UAB Aracruz – ES.
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