Bem, nos foi designada a função de relatar casos de discriminação étnico/ racial de nosso município. Como não há registros e dados estatísticos quanto à discriminação e preconceito em nosso município, até porque o racismo é velado tanto para quem é vitima quanto pelo agressor, que sempre julga estar correto. Decidimos incluir aqui dois relatos de experiências vividas por algumas pessoas, histórias que aconteceram há muito tempo, o que nos mostra como o racismo e o preconceito são tão antigos quanto à criação do mundo...
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Em conversa com nossa colega de trabalho que mora desde a infância na Vila do Riacho, assim como as gerações de sua família a ascendem, ela nos passou algumas situações presenciadas e relatadas pelos mais antigos com relação ao racismo. Fatos bem recentes, cerca de 40 a 50 anos, como o fato de não serem bem aceitos os casais de etnias diferentes, como o caso de seus pais (a mãe é descendentes de negros e o pai era de italianos), os filhos nasceram claros e quando a mãe andava pelas ruas com os filhos, os demais moradores do distrito a apelidaram de São Benedito (Santo da Igreja Católica, negro e que carrega o Menino Jesus em seu colo).
Em um atendimento, enquanto Assistentes Sociais do CRAS de Vila do Riacho, ouvimos um relato de uma senhora negra que viveu nesta comunidade no período escravo, ela relatou o seguinte ao passar pelas portas da casa em que funciona o CRAS atualmente: “Nossa me lembro como se fosse hoje! Quando esta casa foi inaugurada, o antigo proprietário um senhor muito rico, colocou em sua porta uma bacia com água e um pano, porque se algum negro tivesse que entrar na casa teria que lavar os pés antes”, depois ela continuou falando a respeito de outras situações que já havia vivido ali mesmo naquela comunidade que tem em sua raiz quilombolas e índios.
Vale ressaltar que estes acontecimentos aqui descritos não aconteceram ontem ou hoje, são relatos de pessoas que estão próximas a nós, acontecimentos estes, que nos fazem pensar que nem mesmo o tempo fez com que nossa sociedade despertasse para a necessidade de entender que o mundo é constituído de iguais, porém insistem em manter a idéia do diferente, como relatado anteriormente são situações veladas, como a entrada de serviço separada para os empregados, entregadores de mercadorias, os velhos apelidos e anedotas contadas ao longo dos anos e perpetuada entre as pessoas que continuam medindo outras pela pigmentação da pele e esquecem que somos todos seres humanos.
Texto produzido pelas alunas GPPGeR/UFES - Jaiane Loureiro da Silva e Walesca Fisch.
ooi, usei esse texto em um trabalho de Portugues
ResponderExcluirQue bom Mariana, que pudemos contribuir com o seu trabalho. Espero que outras matérias aqui postadas também possam ser úteis.
ResponderExcluirAnderson Pissinate Poltronieri
Aluno GPP-GeR/UFES – Polo Aracruz - ES