segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Violência contra a mulher: psiquiatra mostra como perceber sinais

“E eu tenho um dado que nos deixa assustados: uma em cada cinco mulheres brasileiras diz ter sofrido algum tipo de violência na relação com o parceiro”, destacou Ana Maria Braga ao anunciar o tema no Mais Você desta segunda-feira, 28 de novembro. Durante a exibição do assunto, a apresentadora mostrou alguns casos tristes e contou com uma análise feita pela psiquiatra Ana Beatriz Barbosa.

De janeiro a outubro de 2011, o Disque 180, a Central Nacional de Atendimento à Mulher, recebeu 530 mil ligações com denúncias de agressões. “O que pouca gente sabe é que um grito, um palavrão, uma discussão sem motivo, indiferença são atos de violência”, ressaltou Ana Maria. O programa mostrou como era a vida de uma mulher que teve o corpo todo queimado pelo marido. A apresentadora ainda contou a história de duas mulheres do Rio de Janeiro, que passaram por maus-tratos. Ambas decidiram deixar e denunciar os agressores.

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A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, em participação especial no programa, falou sobre traços da personalidade que definem o perfil das vítimas e agressores. “O que leva um homem a cometer tanta violência contra a pessoa que um dia escolheu para ser sua companheira? É doença? Maldade? O que faz as mulheres deixarem de perceber sinais tão claros? Por que elas voltam para eles?”, indagou Ana Maria antes de mostrar as imagens da psiquiatra.

Como identificar um agressor?

“Existem tipos de agressores, mas, em geral, um agressor mostra toda a sua violência e tenta controlar essa mulher, simplesmente, para tê-la como um objeto de uso e de superioridade. Ele domina aquela mulher, seja para que ela o sustente e assuma suas responsabilidades perante a vida, ou para que ela seja um objeto de exibicionismo no sentido de eu tenho essa mulher”.

Perfil da vítima

"São aquelas mulheres que tem o perfil da salvadora. Eu costumo dizer que tem o perfil meio Madre Tereza de Calcutá no mal sentido, não é em relação a humanidade, em relação ao seu afeto, são mulheres que tendem a pensar dessa forma. O amor é capaz de mudar essa pessoa, se ele me ama eu vou conseguir mudá-lo, quer dizer, são perfis muito maternais no sentido de achar que o amor delas pode mudar aquele homem totalmente, o que em 99% das vezes não é verdade”, explicou Ana Beatriz.

O que é normal?

“Eu costumo dizer que uma cabeça quente uma vez, ou, no máximo duas em um espaço de tempo muito grande. Um momento difícil que aquele homem está atravessando, mas, quando tudo isso é cotidiano e se repete uma vez por semana, já é um absurdo muito grande. Então, costumo dizer que três é um número bem razoável para reações que são violentas, mesmo que não sejam violentas fisicamente, mas verbalmente, sexualmente. O homem que impõe a sua mulher ter relação sexual com ele, alcoolizado ou drogado, é uma violência e isso não pode se repetir”, afimou a especialista.

Agressão ou psicopatia?

"Eu diria, nem todo homem que bate em mulheres é um homem irrecuperável, mas 25% deles são aqueles mais perversos e que não são só violentos com essa mulher, essa violência expande para todo o resto da sociedade, é no trabalho, é no trânsito, é na rua, ao esbarrar numa pessoa, são pessoas que não consideram o outro de fato”, analisou.

Papel do sexo

“Não é da gente se admirar que as mulheres violentadas fisicamente, psicologicamente, em vários momentos, decidam ficar em função desse prazer e também têm uma ilusão feminina de achar que se ele é tão bom na cama, ele pode um dia trazer toda a alegria que me dá esse prazer para a vida real, o que não é a realidade. O sexo é meramente mais um objeto de controle que esses homens infringem a essas mulheres”.

Dados de pesquisas

- 80% dos casos o parceiro é acusado de cometer violência;

- uma a cada cinco mulheres considera ter sofrido violência;

- 94% das mulheres sabem da Lei Maria da Penha, mas não sabem o que diz a Lei.

Fatores que levam à violência doméstica

- 46% dos casos machismo;

- 31% alcoolismo.

Por que a mulher não denuncia?

- 68% das mulheres têm medo de denunciar e sofrer mais violência;

- 52% acham que juízes e policiais desqualificam o problema;

- 60% das pessoas acham que o agressor vai preso depois da denúncia.

Fonte: Retirado do site http://maisvoce.globo.com/  em 28 de novembro de 2011 às 18h03min.

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