A violência de gênero resulta da dita superioridade masculina
transmitida pela cultura sexista de nossa sociedade, que apregoa estereótipos
de força, virilidade e potência. É um tipo específico de violência que vai além
das agressões físicas e da fragilização moral e limita a ação feminina. Não
acontece somente entre quatro paredes, mas se faz presente em todos os lugares,
por alegações aparentemente fúteis. Carrega uma carga de preconceitos sociais,
disputas, discriminação, competições profissionais, herança cultural machista,
se revelando sobre o outro através de várias faces: física, moral, psicológica,
sexual ou simbólica.
Tal violência, antes vista como uma questão pertencente à esfera
privada, a partir de meados da década de 1980 passou a ser apreendida de
maneira mais complexa. Como resultado do trabalho dos movimentos feministas
para que o Estado reconhecesse a necessidade da criação de órgãos
especializados em atender às vítimas de violência e proporcionasse um
tratamento legal ao assunto, veio à tona um problema que é cultural, social e
público.
site de Linhares |
Dados recentes demonstram que a violência
contra a mulher aumentou consideravelmente em todo o Brasil e em todas as
camadas sociais, revelando a triste realidade da discriminação e violência de
gênero e raça, principalmente em ocorrências de homicídio.
Hoje o Espírito Santo ocupa o 1º lugar de
violência e assassinato de mulheres em todo o território nacional, de acordo
com o Mapa da Violência no Brasil, divulgado pelo Ministério da Justiça de
2012, posição liderada há 10 anos.
Segundo o estudo do Ministério da Justiça, na
lista dos 90 municípios brasileiros com taxas acima de 8 homicídios em 100 mil
mulheres, o que representa praticamente o dobro da média nacional, oito são do
Espírito Santo.
De acordo com o Estudo, o município de
Linhares, interior do Espírito Santo, que tem uma população feminina de 65.775,
ocupa a quarta posição nacional com 13 assassinatos em 2008 e a primeira
posição no Estado, seguido por Serra, Cariacica e Aracruz.
A senhora Marinalva da Silva Alves,
nascida em 06/04/1948, teve cerca de 65% do corpo queimado na madrugada do dia 15/03/2012, configurando tentativa
de homicídio. Marinalva era moradora de rua e na ocasião dormia com outras
pessoas em uma quadra de esportes desativada do bairro Aviso, Linhares/ES.
De acordo com testemunhas o autor do
crime, um adolescente de 16 anos, de família classe média, jogou um líquido
inflamável e ateou fogo nos colchões em que a vítima dormia. A mulher não teve
chance de defesa, posto que estava sob efeito de bebidas alcoólicas.
Fatidicamente a moradora de rua veio a
óbito na noite do dia 16/03/2012. O que era tentativa se tornou homicídio
qualificado, cometido por motivo fútil. A prática de violência contra mulheres
tem se tornando algo comum entre adolescentes que se sentem impunes.
Tais atitudes preocupam e nos levam à
reflexão. A impunidade tem favorecido comportamentos discriminatórios, em
especial contra o gênero feminino. Essa realidade é um problema público, legal,
merecedor de atenção das políticas públicas, da polícia, da justiça e de toda a
sociedade civil.
Fonte: Texto produzido pela
aluna GPP-GeR/UFES – Josimara dos Santos – Polo Aracruz – ES.
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