quarta-feira, 27 de junho de 2012

Violência contra a mulher atinge nível alarmante, afirma relatora da ONU

A relatora especial da ONU sobre violência contra a mulher afirmou nesta segunda-feira que mais mulheres e meninas estão sendo assassinadas por seus parceiros ou familiares. Segundo Rashida Manjoo, a violência de gênero atingiu proporções "alarmantes".

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Manjoo apresentou seu relatório ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. De acordo com ela, enquanto a maioria dos homens é assassinada nas ruas, no caso das mulheres, na maior parte das vezes esse crime ocorre em casa.

Impunidade

A relatora destacou que mortes de mulheres e garotas em "nome da honra da família" estão sendo cometidas com altos níveis de impunidade em várias partes do mundo. Rashida Manjoo afirmou que muitos Estados falham em garantir o direito às mulheres a uma vida sem violência.

A especialista indicou medidas que devem ser tomadas, como investigações, acusações e sanções; tratamento das vítimas com respeito e dignidade; identificação de grupos de mulheres que tem risco particular de sofrer violência por conta das múltiplas formas de discriminação, entre outros.

Rashida Manjoo destacou que a impunidade leva à crença de que a violência cometida por homens contra as mulheres seria aceitável e inevitável.

A relatora especial da ONU também apresentou um balanço das suas recentes visitas à Itália, Jordânia e Somália, onde analisou as diferentes formas de violência de gênero.

Fonte: Retirado do site http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/  em 27 de junho de 2012 às 11h09min.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Dossiê mostra que negras e pobres são mais vulneráveis ao aborto com risco

Uma série de pesquisas realizadas no Brasil mostra que as desigualdades social e racial típicas do país desde a época colonial marcam também a prática do aborto. “As características mais comuns das mulheres que fazem o primeiro aborto é a idade até 19 anos, a cor negra e com filhos”, descreve em artigo científico inédito a antropóloga Débora Diniz, da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis), e o sociólogo Marcelo Medeiros, também da UnB e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O texto, relativo a uma etapa da Pesquisa Nacional de Aborto (PNA), será publicado em julho na Revista Ciência e Saúde Coletiva, da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Pública (Abrasco). A edição traz um dossiê sobre o aborto no Brasil, produzido com pesquisas feitas para o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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Diniz e Medeiros coordenaram, entre agosto de 2010 e fevereiro de 2011, levantamento com 122 mulheres entre 19 e 39 anos residentes em Belém, Brasília, Porto Alegre, no Rio de Janeiro e em Salvador.

Segundo os autores, a diferenciação sociorracial é percebida até no acompanhamento durante o procedimento médico. “As mulheres negras relatam menos a presença dos companheiros do que as mulheres brancas”, registram os pesquisadores. “Dez mulheres informaram ter abortado sozinhas e sem auxílio, quase todas eram negras, com baixa escolaridade [ensino fundamental] e quatro delas mais jovens que 21 anos”.

Os dados confirmam resultados encontrados pelos dois pesquisadores em 2010, quando verificaram, por meio de pesquisa de urna (método em que a entrevistada não se identifica no questionário que preenche e deposita em caixa vedada), que “o aborto é comum entre mulheres de todas as classes sociais, cuja prevalência aumenta com a idade, com o fato de ser da zona urbana, ter mais de um filho e não ser da raça branca”.

Conforme a pesquisa de 2010, 22% das mulheres brasileiras de 35 a 39 anos, residentes em áreas urbanas, já fizeram aborto. No levantamento, o aborto se mostrou mais frequente entre mulheres com menor nível de escolaridade, independentemente da filiação religiosa. “Esses dados demonstram que o aborto é prática disseminada, apesar da sua ilegalidade, constituindo-se questão para a saúde pública”, comenta Wilza Vieira Villela, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que pesquisou o aborto induzido entre as mulheres com HIV/aids.

Da mesma forma, o artigo de Rebeca de Souza e Silva, do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp, confirma a tese de que a desigualdade social afeta o acesso à prevenção da gravidez e também a qualidade do aborto. De acordo com seu estudo comparativo entre mulheres casadas e solteiras residentes na cidade de São Paulo, “as solteiras recorrem proporcionalmente mais ao aborto provocado (…). Contudo, as mais pobres, com menor escolaridade e maior dificuldade de acesso às benesses do mundo moderno, continuarão pagando alto preço – que pode ser a própria vida – pela opção de provocar um aborto”.

Souza e Silva defende a legalização do aborto, por entender que o problema “só será resolvido se o acesso aos serviços de qualidade for equitativo” e que “a ilegalidade traz consequências negativas para a saúde das mulheres, pouco coíbe essa prática e perpetua a desigualdade social, uma vez que os riscos impostos pela tal ilegalidade são vividos, sobretudo, pelas mulheres menos escolarizadas, geralmente as mais pobres, e pelas que não têm acesso aos recursos médicos para o aborto seguro”.

Para Estela Aquino, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (Ufba), “as restrições legais não coíbem a prática [do aborto] no país, mas reforçam desigualdades sociais, já que as mulheres mais pobres fazem o aborto de modo inseguro, gerando hospitalizações desnecessárias e representando riscos à saúde”.

No Brasil, o aborto voluntário é ilegal e tipificado como crime no Código Penal. O aborto é autorizado em caso de estupro e de risco de morte da mulher. Neste semestre, o Supremo Tribunal Federal confirmou  jurisprudência praticada em vários tribunais que já permitiram a interrupção da gravidez de fetos anencéfalos (malformação no tubo neural, no cérebro).

Fonte: Retirado do site http://correiodobrasil.com.br/  em 25 de junho de 2012 às 17h43min.

domingo, 24 de junho de 2012

II Seminário de Educação, Diversidade Sexual e Direitos Humanos – UFES – 24 a 26/10/2012

O II Seminário de Educação, Diversidade Sexual e Direitos Humanos, realização do Grupo de Estudos e Pesquisas em sexualidades – GEPSs da Universidade Federal do Espírito Santo – Ufes, tem por objetivo acolher pesquisas e discussões no campo da educação e da diversidade sexual em sua interface com os Direitos Humanos e com práticas e políticas comprometidas com uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva.

www.gepss.blogspot.com.br/
O evento tem como objetivo construir experiências de análise em redes de conhecimentos e de produção que fortaleçam a educação e as práticas dos trabalhadores culturais com a temática dos direitos humanos em seu entrecruzamento com a diversidade sexual, de gênero, racial, geracional, religiosa e de deficiências e com os currículos midiáticos.


PROGRAMAÇÃO

24 /10 – Quarta-Feira – a partir das 19h
Solenidade de Abertura do evento: Coral da Ufes
Conferência: João W. Nery

25/10 – Quinta-Feira de 09h as 12h
Mesa-Redonda:      
Profª. Drª Rosana Glat
Deficiências e diversidade sexual         
Profª. Drª. Luma Nogueira de Andrade
Travesti na escola: assujeitamentos e resistências à ordem heteronormativa
Profª. Drª. Juliana Perucchi
Jovens lésbicas, Ts e educação

26/10 – Sexta-Feira de 09 as 12h
Mesa-Redonda:                             
Prof. Dr. Fernando Altair Pocahy
Pedagogias da sexualIdade e contestações gênero-geracionais nas tramas do envelhecimento
Prof. Dr. Marco Aurélio Máximo Prado
Homofobia e educação
Profª Drª Conceição Soares
Cotidiano escolar, Diversidade Sexual e Mídia

Comunicação: 25/10 - de 14 as 18h
                             26/10 - de 14 as 18h
26/10 – Sexta-Feira
Atividade Cultural: Festa Nervos@!


VALORES

Alunos de Graduação
Pós-Graduação e Profissionais
Até dia 30/08
R$ 30,00
R$ 50,00
31/08 a 22/10
R$ 50,00
R$ 70,00


CRONOGRAMA

INSCRIÇÕES
11/06 a 22/10/2012
SUBMISSÃO DE TRABALHOS
11/06 a 15/07/2012
RESULTADO DA AVALIAÇÃO DOS TRABALHOS
07/08/2012
ENVIO DO TRABALHO COMPLETO
até 07/09/2012
SEMINÁRIO
24/10 a 26/10/2012


Fonte: Retirado do site http://www.gepss.blogspot.com.br/  em 05 de junho de 2012 às 10h20min.

sábado, 23 de junho de 2012

Agressores de mulheres descumprem 200 medidas protetivas por mês em Vitória - ES

O assassinato da diarista Ilinéia Gomes Barbosa, na Serra, cometido pelo ex-marido, segundo a polícia, revoltou familiares da vítima. Eles afirmam que a mulher já havia sido beneficiada por uma medida protetiva, com base na Lei Maria da Penha, que determinava o afastamento do acusado. O Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), localizado em Vitória, registra, em média, 200 casos de medidas protetivas descumpridas na Região Metropolitana todos os meses.

A maioria, 90% dos descumprimentos, é de Vitória. Não há um levantamento estatístico e detalhado, mas o defensor público Carlos Eduardo Rios do Amaral atende diariamente dezenas de casos.

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“É importante que a mulher narre ao defensor público do Nudem o que está acontecendo. Mesmo que seja uma informação pequena. Imediatamente o defensor público irá submeter isso à apreciação de um juiz. Os juízes de direito do Juizado de Violência Doméstica estão extremamente preparados para atender todos os requerimentos. A mulher deve entender que se isso não acontecer à medida protetiva de urgência não passa de 'um guardanapo", refletiu Rios do Amaral.

Medo

Uma dona de casa, 54 anos, que não quer ter o nome divulgado, diz que tem medo de morrer nas mãos do próprio marido, um estivador de 53 anos. A mulher afirma que foi beneficiada por medida protetiva, determinando o afastamento do companheiro. A decisão judicial é do mês de novembro, de acordo com a mulher, mas até hoje o estivador não saiu de casa definitivamente. Ela conta que já levou socos e chutes do marido em mais de uma ocasião.

“Já teve de tudo, pontapé, soco, empurrão e ameaça de morte. Já fiquei muito machucada, de ficar roxa mesmo. Ele fazia isso tudo na mão mesmo, e bêbado, na maioria das vezes. Na segunda vez que apanhei ele jogou uma televisão de 29 polegadas que pegou no meu braço, sendo que até hoje estou prejudicada, não consigo trabalhar e nem fazer serviços corriqueiros em casa por causa disso”, declarou a vítima.

Fiscalização

Em visita ao Espírito Santo no início do mês de maio, a senadora Ana Rita (PT), afirmou que existe falha das autoridades na fiscalização para cumprimento das medidas protetivas. A petista é relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional que investiga os casos de violência doméstica em todo o País. Um dos objetivos da CPMI é esclarecer como precisa ser feita essa fiscalização.

“É isso que queremos saber. Por isso que criamos a CPMI. Porque se as medidas protetivas são adotadas e as mulheres acabam morrendo é porque têm alguma coisa errada. Uma das medidas determina que o agressor fique a uma distância 'X' da mulher. Se o homem descumpre essa norma é porque houve uma falha na fiscalização. Repito, algo está errado e nós precisamos identificar onde está o problema para corrigi-lo”, explicou.

Solução

A previsão é que o relatório da CPMI fique pronto no mês de agosto deste ano. Até que haja uma definição clara sobre quem deve fiscalizar o cumprimento das medidas, o defensor público Carlos Eduardo Rios do Amaral frisa que as mulheres devem recorrer às autoridades o mais rápido possível.

“No caso de urgência em que a violência está acontecendo à mulher deve sair de casa correndo imediatamente. Ela deve pegar o primeiro orelhão ou telefone celular que estiver disponível e discar para o Ciodes/190. Isso deve ser imediato”, orientou.

O descumprimento do agressor com relação à medida protetiva pode resultar em decreto de prisão preventiva (sem prazo de reclusão) para o autor da agressão, além de outras punições. Somente no município da Serra, onde foi assassinada neste domingo (10) a diarista Ilinéia Gomes Barbosa, 435 medidas protetivas de urgência foram requeridas este ano, apenas até o final do mês de abril, na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

Fonte: Retirado do site http://gazetaonline.globo.com/  em 12 de junho de 2012 às 13h52min.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

ES recebe recurso para combater a violência contra a mulher

O Governo do Estado recebeu R$ 365 mil para reforçar as ações

Para reforçar as ações que visam à combater a violência praticada contra a mulher no Espírito Santo, a Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEADH) recebeu R$ 365 mil, do total de R$ 1,7 milhão acordado com a Secretaria de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República (SPM-PR), no ato da assinatura, em 2011, do Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher.

A fim de acabar com o dado alarmante que coloca o Espírito Santo como o primeiro Estado brasileiro em número de assassinatos de mulheres, o Pacto prevê políticas públicas que visam proteger e amparar a população feminina vítima de qualquer tipo de violência, garantindo-lhe equipamentos públicos de acolhimento e proteção e ao mesmo tempo, a punição dos acusados através da implementação da Lei Maria da Penha, parte principal do Pacto e da articulação para constituição de uma rede de atendimento às vítimas de agressão e maus tratos.

              pimentacomlimao.wordpress.com
Essa rede, composta por Centros de Referência Especializado em Assistência Social (Creas), Unidades de Saúde, Hospitais, Delegacias, Ministério Público, Defensorias Públicas e varas especializadas ou de crimes comuns, será reforçada com o recurso do Governo Federal, somado à contrapartida do Governo Estadual de R$ 437 mil.

O recurso recebido pela SEADH será investido no trabalho de fortalecimento e aperfeiçoamento dos serviços especializados no atendimento à mulher capixaba, oferecendo a elas condições de atendimento humanizado através da assistência social, do tratamento psicológico, da condição decente de acesso à saúde, educação, segurança, da garantia da inclusão produtiva, da justiça e do direito a habitação.

Além dos equipamentos públicos ofertados às mulheres, a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos desenvolverá campanhas publicitárias, com divulgação em massa sobre os direitos da mulher. Esta ação tem a finalidade de resgatar para a sociedade que as mulheres, assim como os homens, são passíveis dos mesmos direitos e deveres, portanto não há motivo para descriminá-las, muito menos agredi-las.

PACTO NACIONAL

O Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência Contra a Mulher foi lançado em agosto de 2007, e repactuado pelo Espírito Santo no ano de 2011. Consiste em um acordo federativo entre os governos Federal, Estaduais e Municipais, com o objetivo de planejar ações que coloquem em prática a Política Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, através da implementação de políticas públicas integradas em todo território nacional.

EIXOS DO PACTO

1) Garantia da aplicabilidade da Lei Maria da Penha.

2) Ampliação e fortalecimento da rede de serviços para mulheres em situação de violência.

3) Garantia da segurança cidadã e acesso à Justiça.

4) Garantia dos direitos sexuais e reprodutivos, enfrentamento à exploração sexual e ao tráfico de mulheres.

5) Garantia da autonomia das mulheres em situação de violência e ampliação de seus direitos.

Fonte: Retirado do site http://consulta.dio.es.gov.br/pdfClipperTemp/does_CAPA___NOTICIAS_20120622.pdf  em 22 de junho de 2012 às 17h05min.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Facebook bloqueia usuárias que aparecem seminuas em fotos da Marcha das Vadias


O Facebook bloqueou a conta de manifestantes da Marcha das Vadias após elas terem publicado na rede social fotos em que apareciam com os seios à mostra.



A marcha, que ocorreu neste sábado (26) em algumas cidades brasileiras, pretende chamar a atenção para os diversos tipos de violência sofridos pelas mulheres.



Pelo menos duas manifestantes em São Paulo e uma no Rio tiveram seus perfis bloqueados e ficaram impossibilitadas de interagir na rede social temporariamente, segundo uma usuária que foi censurada. Era possível entrar no Facebook, mas não compartilhar nenhum tipo de conteúdo no site.

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Em Belo Horizonte, a página oficial da marcha na cidade publicou nota dizendo que fotos publicadas na rede social também foram censuradas.



Procurada, a empresa não quis se pronunciar. A assessoria de imprensa disse que o Facebook não se manifesta sobre casos específicos.



A militante do movimento feminista Luka Franca, 26, teve seu perfil bloqueado por 24 horas após publicar uma foto sua, ao lado de sua filha, de 3 anos, com os seios descobertos.



"Eu coloquei a foto no domingo à tarde. Quando entrei no Facebook no dia seguinte, pela manhã, meu perfil estava bloqueado", diz Franca. "Eu podia apenas entrar no bate-papo e aprovar pedidos de amizade. Só percebi quando fui 'curtir' o que um amigo tinha publicado".



Segundo Luka, a foto havia sido publicada em um álbum privado.



CRITÉRIO SUBJETIVO



Segundo os padrões da comunidade da rede social, "o Facebook tem uma política rígida contra o compartilhamento de conteúdo pornográfico e impõe limitações à exibição de nudez".



Para a foto ter sido excluída --e a usuária, bloqueada--, pelo menos um usuário denunciou a publicação das fotos no site. Para definir o que pode ou não ser considerado pornográfico ou nudez, cada caso é avaliado separadamente.



Na mesma página, a rede social diz que "se você encontrar algo no Facebook que considerar uma violação aos nossos termos, informe-nos". Apesar do pedido, há a ressalva que "denunciar um conteúdo não garante que ele será removido do site".



PUNIÇÃO NA REDE



Quando bloqueado, um usuário fica impedido de acessar diversas funções do site temporariamente, como publicar, compartilhar ou "curtir" uma publicação ou um compartilhamento feito por terceiros. Caso o perfil seja reincidente por mais duas vezes, a conta é desativada.



"É tipo um colégio marista", diz a militante. "Se você tomar três suspensões, na terceira você é expulsa."



Ela diz que, como forma de protesto, um amigo compartilhou a mesma foto na rede social. "Ela [a foto] ficou quase o dia todo no ar, mas depois foi removida", diz. "Ele não foi bloqueado, só retiraram a foto do perfil dele. Eu e a Paula Lion [outra usuária que teve o mesmo problema] ficamos 24 horas bloqueadas".


Fonte: Retirado do site www1.folha.uol.com.br em 30 de maio de 2012 às 15h23min.

domingo, 17 de junho de 2012

Pesadelo de menina - por Débora Diniz

Xuxa em Sonho de Menina foi um filme para crianças. A personagem vivida pela rainha dos baixinhos era uma professora de matemática que sonhava em ser atriz. Sem grandes expectativas de roteiro, o filme combinou fantasia com relances biográficos de Xuxa, uma mulher também a meio caminho entre a realidade e a ficção. Ao contar o que viu na vida, Xuxa apresentou-se como personagem de um roteiro documental. Xuxa em Pesadelo de Menina poderia ser o título de seu depoimento solitário à televisão. A melancólica trilha musical só foi interrompida quando a personagem cedeu o lugar à mulher em aflição pela memória do passado. Xuxa enfrentou a câmera e surpreendeu a audiência ao anunciar Eu fui abusada. Até os 13 anos, Xuxa foi vítima de abuso sexual de homens de seu convívio doméstico - amigos, professores e parentes. Esse foi um segredo não previsto pelo roteiro do sonho, mas sentido pela ferida do real.

A história da rainha se transformou em um roteiro de conto de fadas, interrompido nos últimos minutos de depoimento pelo segredo da violência. Uma adolescente suburbana e bonita é descoberta em um trem; em poucos meses, é uma imagem pública. Ainda jovem, casou-se com o rei do futebol, namorou o príncipe da velocidade, transformou-se na rainha dos baixinhos.

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Como em um enredo de matrimônio arranjado entre famílias samurais, porém adaptado à realidade das celebridades sem fronteiras, o agente do omiai entre Michael Jackson e Xuxa foi o assessor do imperador da terra do nunca. Não houve casamento da rainha com o imperador, apesar do amor em comum pelos bichos e pelas crianças. Xuxa se apresentou ambiguamente como uma mulher independente, porém solitária. Por que não consigo me casar? Deve ter uma explicação. A resposta, segundo ela, seria a ferida do abuso sexual sofrido na infância.

A casa é um espaço de risco para as meninas. Elas são vítimas do desejo obsceno dos homens, sejam eles pais, amigos ou vizinhos. As meninas emudecem-se diante do assédio - temem os agressores pela força com que eles as ameaçam, sentem vergonha de suas mães, imaginam-se culpadas pelo sexo que carregam entre as pernas infantis. As mães são figuras que compõem um binômio com essas meninas - poucas são as capazes de reagir ou denunciar o agressor. Com suas filhas, elas são parte de uma arquitetura perversa da violência: temem os agressores pela sedução ou pela força. Xuxa não contou à mãe ou aos irmãos a violência que sofria, algo comum às meninas muito jovens assediadas por adultos. Certamente há histórias de mães que se lançam contra os agressores, mulheres que ignoram a hegemonia patriarcal que as une às filhas como corpos disponíveis ao desejo masculino.

Mas essas são histórias de exceção, seja porque o segredo das meninas é impenetrável, seja porque as mulheres também se submetem à ordem de silêncio dos agressores.

A escola e o hospital são dois espaços que provocam a hegemonia do medo e do silêncio. Por sinais muito diversos, professoras, psicólogas e assistentes sociais são as principais vozes de denúncia contra a violência e o abuso infantis. Na escola, a menina se transforma. A metamorfose imposta pela violência denuncia-se por comportamentos padronizados ao olhar atento das professoras - desde expressões afetivas como a tristeza até indicadores objetivos da desordem mental, como a queda no rendimento escolar. No hospital, a menina se demonstra. A metamorfose está no corpo e não só nos afetos perturbados. Menarca, gravidez e abuso são descobertos como sequências de um ato perverso que se estende no tempo: meninas pré-púberes são violadas e seus corpos em gestação escancaram um longo regime de violência silenciado pela casa. É a gravidez que aponta a violência e denuncia que o agressor não é um estrangeiro, mas um patriarca do regime doméstico de poder.

O segredo de Xuxa escapou aos olhares atentos das professoras, e o abuso que sofria talvez não tenha se consumado em ato sexual, o que evitou o risco da gravidez infantil. Xuxa não foi ouvida em seu silêncio por nenhuma das instituições capazes de protegê-la; ela foi uma sobrevivente do abuso sexual infantil. Hoje, causa política e biografia se confundem em uma mulher madura, rica e independente que escolhe a câmera como interlocutora do que só se imaginaria como possível na esfera do fantástico dos contos de fada. Mas não é. Xuxa é uma rainha de carne e osso, diferente da bailarina da música infantil.

Como as outras meninas, ela teve unha encardida ou escarlatina. Mas, diferente de outras meninas, Xuxa foi abusada sexualmente. Há outras meninas que, como ela, se perguntam por que aconteceu isso? Eu ainda acho que foi minha culpa. Elas se sentem únicas no segredo e na vergonha.

É preciso dizer a elas que não, a culpa não foi sua, menina. Não há culpa em carregar um sexo entre as pernas. Não há vergonha em ser uma menina desprotegida. Na verdade, não existe razão para temer ser uma menina. Há homens obscenos, fortalecidos por uma cultura patriarcal que ignora a decência e dignidade das meninas. Há homens que não temem a lei penal, seguros que estão de sua supremacia na casa e sobre as mulheres de seu domínio. Nem Xuxa nem as meninas anônimas são responsáveis pelo abuso.

Nem Xuxa nem as mães das meninas anônimas são capazes, sozinhas, de enfrentar a força patriarcal. Entre sonho e pesadelo, a voz de Xuxa deve ser poderosa para romper o silêncio masculino da casa. Quem fala é a rainha dos baixinhos, uma mulher que nunca reconheceu limites para entrar na casa dos homens.

Fonte: Retirado do site www.catolicas.org.br  em 28 de maio de 2012 às 20h36min.