sábado, 30 de julho de 2011

As diversas formas do preconceito

Observando uma tese de mestrado “O QUE AS CRIANÇAS FALAM E QUANDO ELAS SE CALAM: O PRECONCEITO E A DISCRIMINAÇÃO ÉTNICO-RACIAL NO ESPAÇO ESCOLAR”, tendo como objeto de estudos uma escola municipal de Barra do Riacho - Aracruz, podemos notar como a diversidade étnico/racial/gênero é tratada em nosso país, principalmente nas escolas, onde  na maioria das vezes, a própria instituição - espaço de presença multicultural,, desconhece as discriminações que ocorrem em seu espaço e assim, permitem  que a diversidade seja motivo de preconceitos  e  violências.

Segundo a autora o local escolhido para pesquisa se “apresenta um lócus privilegiado de investigação sobre a temática étnico-racial por se localizar em contexto social e cultural complexo. A constituição prioritariamente de negros e indígenas, e o grande fluxo de pessoas no seu cotidiano, devido à característica econômica do bairro, oferecem elementos concretos à investigação das ações discriminatórias ali manifestadas assim como, dos encontros suscitados na alteridade”. (LOPES, 2008).

Em seu estudo a autora tomando como base Heller (1992) teoriza que: preconceito representa um sentimento de juízo provisório frente aos argumentos racionais.  Desse modo, se ele é provisório, pode então ser modificado. Esse juízo confere valor ao que parece inferior ou simplesmente diferente. Por outro lado, a discriminação não é abstrata e sim uma ação na concretização do preconceito, onde a discriminação seria então uma  conseqüência do preconceito.

No mercado de trabalho podemos notar as diferenças, onde as mulheres negras que ascendem aos melhores cargos realizam muito mais esforços tanto para comprovar a competência profissional e ainda driblar o preconceito e a discriminação racial. A questão de gênero é, em si, um complicador, mas, quando somada à da raça, significa as maiores dificuldades para os seus agentes. (Silva, 2003)

Sabemos o quanto a discriminação e o preconceito podem ser perpetuados na sociedade.  Por exemplo, a questão dos apelidos, os negros ‘ganham’ diversos, tem pessoas que até os julgam ‘carinhosos’. A própria mídia favorece essa perpetuação, vejamos, por exemplo, uma novela de uma grande emissora brasileira “DA COR DO PECADO”, quem não se lembra? A atriz principal era negra, por que relacionar a pele negra com pecado? Será pecado ser negro?

Deixemos aqui um espaço para discussão...

Fonte: Tópico elaborado pelas alunas GPPGER Jovilde da Penha Favalessa Almeida e Walesca Fisch, tendo como base o trabalho acadêmico O que as crianças falam e quando elas se calam: o preconceito e a discriminação étnico-racial no espaço escolar / Marluce Leila Simões Lopes que foi retirado do site: http://www.ppge.ufes.br/dissertacoes/2008/MARLUCE%20LEILA%20SIM%D5ES%20LOPES.pdf em 28 de julho de 2011 às 09h00min.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Você conhece Maria da Penha?

Maria da Penha Maia Fernandes é a mulher homenageada pela Lei 11.340 de agosto de 2006. Tal mecanismo legal entrou no ordenamento pátrio com o objetivo de criar mecanismos para enfrentar e coibir a violência doméstica e familiar praticada contra a mulher.

Maria da Penha, líder do movimento de defesa dos direitos das mulheres é sem sombra de dúvida a vítima emblemática dessa causa. Mãe de três filhas, biofarmacêutica, essa mulher sofreu de seu ex-marido, o colombiano Marco Antonio Heredia Viveros em 1983 duas tentativas de homicídio. Na primeira tentativa ele atirou contra Maria, simulando um assalto, já na segunda, tentou matá-la com choques elétricos. Devido a essas duas agressões, Maria ficou paraplégica e assim iniciou-se uma luta, para que seu marido fosse preso, luta essa que transcendeu as fronteiras do Brasil, acionando inclusive organismos internacionais, veja o relato de Maria da Penha:


Para ter acesso ao texto legal da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) basta acessar o link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm

Fonte: texto produzido pelo aluno GPPGER Anderson Pissinate Poltronieri. Vídeo retirado do site http://www.youtube.com/ em 28 de julho de 2011 às 16h00min.

Violência Doméstica – Profissão Repórter

No dia 05 de julho de 2011 foi ao ar no Globo Repórter (programa de jornalismo investigativo da Rede Globo de televisão) sob comando de Cacco Barcelos uma reportagem que mostrava aos brasileiros a dura realidade de mulheres vítimas de agressões dentro do próprio lar.
Para aqueles que não tiveram a oportunidade de assistir ao programa, o grupo 04 do curso de Gestão em Políticas Públicas está disponibilizando logo abaixo os vídeos que foram retirados do site YOUTUBE, para que você possa verificar o absurdo vivido por mulheres no interior de suas casas, no seu trabalho, no seu dia-a-dia.
O programa mostrou um mutirão de audiências para julgar esses casos de violência, das 75 mulheres que foram chamadas, 42 compareceram e apenas 08 resolveram manter o processo contra o companheiro agressor.
Importante foi o fato de o programa mostrar a realidade capixaba perante o tema, de janeiro a março deste ano, na grande Vitória, no Espírito Santo, 2000 (duas mil) mulheres registraram boletim de ocorrência por agressão. Para mostrar a realidade capixaba o repórter Thiago Jock acompanhou por uma semana o trabalho de uma delegacia da mulher de Serra. É o estado onde morreram mais mulheres assassinadas em dez anos.

Já os repórteres Eliane Scardovelli e Victor Ferreira ouviram homens acusados de violência domestica em São José do Rio Preto, no interior paulista. Outro ponto importante é a criação em São Paulo de um juizado especial só para julgar casos de violência doméstica. As repórteres Gabriela Lian e Paula Akemi mostram como funciona esse trabalho. Veja a programa completo nos dois vídeos abaixo:

Profissão Repórter - 05/07/11 - Violência Doméstica - Parte 1



Profissão Repórter - 05/07/11 - Violência Doméstica - Parte 2


Fonte: Vídeos retirados do site http://www.youtube.com/ em 28 de Junho de 2011 às 13h00min.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Era parda e preta se achou tão feia que morreu de mágoa

Os livros da coleção “Vivenciando a cultura afro-brasileira e indígena” são apontados pelo Fórum das Entidades Negras de Londrina (Fenel) como reforçador de preconceitos contra os afrodescendentes, entre vários outros problemas.

Segundo o promotor Paulo Tavares, em entrevista à rádio CBN, existe na coleção trechos ofensivos aos negros, "Imagens que deixam, por exemplo, o próprio negro em situação de submissão, humilhação. Não se mostra nenhum negro que tenha alcançado sucesso na sociedade. O conteúdo é altamente preconceituoso, tem um trecho, por exemplo, uma poesia que é trazida 'A borboleta de manhã bem cedo, uma borboleta saiu do casulo, era parda e preta, foi beber no açude viu-se dentro da água e se achou tão feia que morreu de mágoa. Ela não sabia que Deus deu para cada bicho a cor que escolheu, Deus ralhou com ela, mas deu roupa nova azul e amarela'. Com certeza, é algo mais cruel para ser dito a uma criança parda e preta que é natural que ela se ache tão feia que morra de mágoa", afirmou o promotor.

A promotoria consultou vários especialistas para tomar a decisão, como representantes do Fórum de Entidades Negras de Londrina, o Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade Estadual de Londrina, a Comissão Universidade para Índios, entre outras. A nota informa que os livros deveriam atender a legislação federal que pretendo combater os preconceitos raciais. “Todos os pareceres de especialistas corroboram que efetivamente o material é nocivo à formação das crianças de 6 a 10 anos, assim como de qualquer idade. A coleção desrespeita a história e a cultura negra e indígena”

Para as outras pessoas envolvidas no caso, o conteúdo da publicação diminuir a importância do indígena e do negro na sociedade brasileira. Para o promotor, o livro contém trechos que deixam os negros em situação de humilhação e submissão.

Erros de gramática, ortografia e conceitual
O material, que é apontado pelo Fórum das Entidades Negras de Londrina (Fenel) como reforçador de preconceitos contra os afrodescendentes, tem vários outros problemas. Os erros de gramática e ortografia prejudicam um material que já é ruim e mal editado. Na página 11 do livro do 2º ano, a colocação indevida de uma crase mudou o sentido da frase “os índios foram às primeiras pessoas a habitar o Brasil”. Com a crase, a frase diz que os índios foram “até” as primeiras pessoas, em vez de serem os primeiros habitantes do país. Em outras partes, frases infelizes confundem a boa intenção dos autores. A legenda de uma foto da página 19 do mesmo livro é um exemplo: “criança africana é como toda criança do mundo”, diz o texto. Na página 38 do 3º livro, o censo demográfico é grafado com “s”: “senso”. Na página 92 do 4º livro, um erro conceitual. Num item dedicado a “personalidades que lutaram e lutam pelas causas dos afrodescendentes e indígenas”, o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, é apontado como uma dessas personalidades. Mandela nasceu na África do Sul, o que o coloca fora do conceito de afrodescendente, no qual se encaixam pessoas que descendem de africanos, mas nasceram fora do continente.

Na página 78 do 5º livro, uma frase que irritou o movimento negro de Londrina: o material descreve o movimento como “racista”. Logo em seguida, num “histórico”, diz que a luta contra a escravidão, com “fugas e insurreições”, “além de causarem prejuízos econômicos, ameaçavam a ordem vigente e tornavam-se objeto de violenta repressão”. Na página 48 do mesmo volume, os autores afirmam que os movimentos sociais “existem para organizar populações pobres e reivindicar algum direito ou recurso”. Outro problema da coleção é que as referências bibliográficas são, na sua grande maioria, a internet, em sites como a Wikipédia (uma enciclopédia com a qual qualquer pessoa contribui, o que aumenta o risco de informações incorretas) e blogs, que são sites que têm caráter pessoal, sem compromisso pedagógico.

"Os livros estão pior que nós"

Antes mesmo da manifestação do Fórum das Entidades Negras de Londrina (Fenel), o livro “Vivenciando a cultura afro-brasileira e indígena” provocou constrangimento em escolas da rede municipal. A professora Maria Evilma Alves Moreira, contou que os erros ortográficos e gramaticais do material provocaram risos nos seus alunos da 4ª série. “No momento em que eu comecei a circular vários erros de pontuação, meus alunos estavam indo para a aula de educação física. Eles riram e disseram: ‘[os livros] estão pior que nós”, relatou a professora, explicando que tem o hábito de circular os erros nos textos dos seus alunos.

Maria Evilma afirmou que em algumas escolas o material foi distribuído para os alunos, mas em várias outras, supervisores afirmaram que evitaram a distribuição “porque acharam, no mínimo estranho [o conteúdo]”. “Todo livro didático deve ser uma ferramenta de apoio. Aquele não há professor que conserte”, completou a professora, defendendo o seu recolhimento.
 
 
Recolhidos em cinco dias

O Ministério Público pediu que os 13.500 livros da coleção "Vivenciando a Cultura Afro-brasileira e Indígena", da Editora Ética, sejam recolhidos em cinco dias. O conteúdo dos livros foi considerado preconceituoso, inadequado e apresentava erros ortográficos e gramaticais. A denúncia foi feita pelo Fórum de Entidades Negras de Londrina (Fenel) junto à Promotoria de Direitos Constitucionais.

Fonte: Retirado do site http://negrosnegrascristaos.ning.com/ em 25 de julho de 2011 às 21h36min.

sábado, 23 de julho de 2011

Dados sobre violência de Gênero e Raça no Espírito Santo e no município de Aracruz - ES.



DADOS EXTRAÍDOS DO CREAS- CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL DE ARACRUZ/ES
Do ano de 2008 até o presente momento o CREAS do município de Aracruz recebeu 179 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Dos casos atendidos 135 são vítimas do sexo feminino e 44 do sexo masculino.

Sobre a situação de violência sexual se faz as seguintes análises:

O uso das relações de poder, como determinante de direitos e deveres referentes à expressão do desejo sexual, acompanha a humanidade desde seus primórdios, possuindo os detentores desse poder o privilégio do livre exercício de sua sexualidade sobre aqueles sob seu domínio, independentemente da vontade dos mesmos. O homem ainda hoje acha que a mulher com quem convive é propriedade sua. “Eu mando, faço e posso.” O homem manda, agride e muitas vezes a mulher fica num beco sem saída porque não tem onde voltar por causa da pobreza e ela muitas vezes aguenta um conjunto de situações complicadas já que depende totalmente do marido ou companheiro sendo esta uma das principais razões de suportar muitos abusos já que não tem outra forma de ganhar sustento dos filhos. Além de presenciarem seus (as) filhos (as) filhas tornarem-se vítimas da violência automaticamente tornam-se vítimas veladas.

O homem acredita ser autoridade máxima no seio da família, mesmo quando a mulher é responsável por ela,  e embora por lei isto não possa ocorrer, ele acaba tendo direito da vida ou morte sobre sua mulher , seus filhos e as crianças e adolescentes que dentro se encontram  não importando a relação de parentesco.

A relação de dominação-exploração que se estabelece entre o homem, de um lado, e a mulher, a criança e o adolescente, de outro lado, é uma relação de poder.

As crianças também aprendem e aceitam  a não serem tratadas com respeito e carinho, o que faz com que fiquem vulneráveis para sofrerem novo abuso sexual ou outras formas de violência até a fase adulta quando não tratadas.

Enquanto o homem for educado para o exercício do poder, para a manifestação incontida de sua agressividade e para o embotamento do lado feminino de sua personalidade, continuará a agredir direitos de mulheres e de crianças, seres sub-privilegiados nesta correlação de forças.

Para essas vítimas é necessário um atendimento especializado e multidisciplinar para a superação da violência, resgatar a auto-estima, impedir que a violência interfira no seu pleno desenvolvimento e prolongue na vida adulta.

DADOS EXTRAÍDOS DO INSTITUTO SANGARI, SOBRE VÍTIMAS DE HOMICÍDIOS NO BRASIL DESTACANDO A QUESTÃO GÊNERO E RAÇA. 

Em cada três pessoas assassinadas no Brasil, duas são de negras. É o que revela o Mapa da Violência 2011, elaborado pelo Instituto Sangari, com base em dados do Ministério da Saúde. O estudo, publicado anualmente pelo instituto, apresenta situação e evolução da mortalidade violenta no Brasil, desagregados por faixa etária, região geográfica, gênero e raça. Tem havido um forte crescimento na vitimização da população negra, desde 2002.

Naquele ano, morriam proporcionalmente 46% mais negros que brancos percentual que chega a 103% em 2008, ano em que foram registradas as mortes dos dados analisados no estudo 2011. A probabilidade de ser morto também aumenta de acordo com o sexo (masculino) e idade (15 a 29 anos). Adolescentes e jovens negros lideram o grupo sob maior risco de ser assassinado no Brasil. (Dados extraídos do: http://www.generoracaetnia.org.br/pt/publicacoes/recomendadas/item/522-mapa-da-violência-2011.html)

Entre 1998 e 2008, foram assassinadas no país 42 mil mulheres em um ritmo que acompanhou quase estritamente o crescimento da população feminina, de forma tal que as taxas anuais do período rondaram sempre os 4,25 homicídios para cada 100 mil mulheres.

Veja abaixo como estão o Espírito Santo e os municípios de Aracruz e Linhares no ranking da violência contra a mulher nas duas últimas duas pesquisas feitas pelo Instituto Sangari:

Local
Mapa da violência 2010

Mapa da violência 2011


No país
No estado
No país
No estado
Espírito Santo
-
-
Aracruz


18º
Linhares







A QUESTÃO DE RAÇA
De acordo com o mapa da violência de 2010 em 2007 o número de homicídios de pessoas brancas foi menor que o de pessoas negras no Espírito Santo: 268 contra 1.210. Ocupou a 7º posição nacional no numero de homicídios de pessoas brancas e 2º lugar no numero de homicídios de pessoas negras.
Matéria elaborada pelas Alunas Jussara Passos e Princila Cunha do Grupo 04 - Polo de Aracruz.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Uma visão geral do curso de Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça – Conceitos - 1º Módulo

Estamos aqui discutindo sobre um assunto muito complexo e infelizmente faz parte de nosso cotidiano: violência contra a Mulher, especificamente a Negra; temas abordados no primeiro módulo de nosso curso (Especialização em Políticas Públicas em Raça e Gênero).

Bom, vemos em nosso dia a dia exemplos claros de pessoas que sofrem algum tipo de preconceito por algum motivo, mas estatísticas mostram que as mulheres negras sofrem um pouquinho mais.  Acreditem! Em pleno século XXI ser mulher e negra ainda é um problema para nossa sociedade.

Para entendermos os assuntos que serão aqui tratados e até mesmo outras discussões que envolvem o tema abordado, preparamos aqui um levantamento dos principais conceitos discutidos no primeiro módulo de nosso curso, uma forma de auxiliar as leituras e esclarecer alguns termos que são utilizados quando estamos tratando de assuntos ligados a estas questões.

No primeiro módulo o principal eixo de discussão foi Políticas Públicas e Promoção da Igualdade, o tema foi dividido em unidades sendo estes: Políticas Públicas: conceitos, objetivos e práticas de participação social; Entender as políticas públicas, desde a sua definição (conceitual) até a escolha das ações a serem tomadas, a elaboração da agenda e a efetiva implementação da política pública, além de demonstrar a possibilidade de se avaliar/monitorar a aplicação e a eficácia da política pública adotada. Além de esclarecer sobre a importância da sociedade civil para o sucesso das políticas públicas. Diversidade e igualdade; Trouxe-nos exemplos históricos sobre a desigualdade, principalmente em desfavor de mulheres, em sua maioria, negras e pobres. Trouxe inclusive legislações e exemplos atuais, como as leis de imigração de diversos países que impedem a entrada de determinadas pessoas em seu território nacional. Além disso, são apresentados vários índices e nomenclaturas utilizadas para avaliar e monitorar o desenvolvimento humano da população de uma nação, enfocando na problemática de que não basta a um país apenas crescer economicamente, mas que também o crescimento da qualidade de vida da sua população é imprescindível. Políticas afirmativas de raça e gênero e a busca da igualdade de oportunidades. A abordagem trata do debate que envolve essas duas políticas, e busca definir qual dessas são melhor aplicadas. Também são elencados vários exemplos dessas políticas no Brasil, além de uma evolução no tempo de políticas públicas em gênero e raça desde o ano de 1983 até os dias atuais.

Não queremos fugir do assunto abordado em nosso blog, mas partilhar com vocês o que estamos aprendendo, e os tópicos estudados têm tudo a ver com o que estamos falando aqui, pois, se observarmos, falamos o tempo todo em políticas públicas, direitos, igualdades. Mas, e aí, o que sabemos sobre os principais conceitos que envolvem este campo de discussão? Eis aqui alguns:

Políticas Públicas São todas as ações que o governo (no âmbito federal, estadual e municipal) pratica através de leis, medidas reguladoras, decisões e ações com o intuito de combater problemas que a sociedade enfrenta.

Política Pública Intersetorial Política que agrega variados setores da sociedade, o que permite uma grande troca de conhecimentos entre diversas áreas, conseguindo atingir com muito mais eficácia os anseios da sociedade.

Estado Unidades políticas organizadas pelas quais podemos dizer como e por quem o poder é exercido.

Governo Autoridade administrativa gestora de uma unidade política (Estado).

Direitos Humanos Direitos básicos essenciais a todo ser humano, sem nenhuma distinção. Estão divididos em quatro categorias (gerações).

Política de governo Políticas públicas que são decididas pelo Poder Executivo com muito mais facilidade, pois o tramite que a envolve é bem mais simples, além de ser restrita ao âmbito administrativo do setor do qual foi concebida.

Política de Estado Política pública que envolve certa burocracia para sua aprovação e implementação, causando certa na aplicabilidade.

Sociedade civil Diversas ações voluntárias realizadas por diversos atores da sociedade civil em torno de interesses coletivos da população. São segmentos da sociedade que cobram dos governos as demandas que a sociedade necessita e é por essa cobrança que originam as políticas públicas.

Formulação de políticas públicas É quando o governo efetivamente transforma suas promessas políticas em programas e ações que produzam algum resultado na vida do cidadão.

Burocracia É uma forma de organização do serviço público que divide a responsabilidade entre diversos membros ou segmentos da máquina pública. Geralmente é definida de forma errada, sendo conceituada no sentido de retardamento, dificuldade e vagareza do serviço prestado.

Conselhos Órgãos com a função de criar, gerenciar e avaliar políticas públicas.

Ferramenta de gestão – Forma de se buscar o melhor uso dos recursos, ações e resultados que envolvam uma política pública através de um acompanhamento da implementação dessas políticas.

Proponentes da Redistribuição – Atores políticos, que baseados em conceitos igualitários, pretendem, de forma geral, distribuir a riqueza dos ricos para os pobres, sempre buscando uma alocação mais justa dos recursos e bens.

Proponentes do Reconhecimento Atores políticos que defendem uma sociedade que conviva amigavelmente com as suas diferenças. Dessa forma, busca-se o reconhecimento das diferenças de gênero, sexo, raça e minorias étnicas existentes na comunidade.

Racismo Segundo o dicionário Michaelis podemos conceituar racismo como uma teoria que afirma a superioridade de certas raças humanas sobre as demais. Também vem empregado como um tipo de preconceito, ignorância.

Ufanismo Forma de um cidadão exaltar o orgulho por seu país. Tal atitude teve muita força no período de ditadura militar no Brasil, onde praticas e ações de cunho ufanistas serviam para mascarar o poder ditador e autoritário vivido na época.

Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH – Documento em que se declaram os direitos básicos e fundamentais de todos os seres humanos. Foi aprovada em 10 de dezembro de 1948 e até hoje se mostra como um marco na defesa e garantia dos direitos fundamentais da dignidade do ser humano, colocando a igualdade entre as pessoas (o termo “pessoa” passou a substituir o termo “homem”) como um princípio democrático.

Racismo Institucional – Discriminação embutida na forma das instituições. Tal discriminação pode ser normativa ou factual e incide sobre as características ditas como raciais.

Democracia Racial – Uma poderosa construção ideológica, cujo principal efeito tem sido manter as diferenças interraciais fora da arena política, criando sérios limites às demandas dos negros por igualdade racial (Hasenbalg, 1992:53).

Degenerescência – Conceito dado a mudança da espécie (perda de sua característica) para pior. Ocorreu no Brasil quando o relacionamento entre brancos e negros contribuía para a mestiçagem brasileira, o que segundo algumas pessoas contribuíam para o declínio da população do país.

Matrifocalidade – Nomenclatura utilizada para definir grupos familiares onde as mulheres sejam o centro familiar, responsável pelo sustento, muitas vezes desempenhando o papel de pai e mãe. É muito comum principalmente em famílias negras.

Miscigenado – Termo utilizado para definir a união, casamento de pessoas pertencentes a diferentes grupos raciais. O termo é muito utilizado para representar a população brasileira que devido à grande mistura entre, brancos, negros e índios, principalmente no inicio de sua colonização, gerou uma população chamada de mestiça.

Segregação – Separação, isolamento, exclusão social. Um dos grandes exemplos mundiais ocorreu na África do Sul.

Desenvolvimento Humano Sustentável – DHS – Conceito que define características sociais de uma população. Características sociais, culturais e políticas que influenciam diretamente a qualidade de vida das pessoas.

Empoderamento – Termo que traz a idéia de mudanças através da transformação em prol do fortalecimento individual e coletivo. Esse fenômeno pode ser demonstrado através do aumento do poder e da participação da população e da comunidade em decisões que afetem diretamente as suas vidas.

Agentes Gestores – Pessoas que fazem a intermediação entre as demandas sociais e o fazer político (o que o governo efetivamente faz, ou busca fazer).

Sexismo Posição, postura de repúdio, desprezo que procura a exclusão de pessoas ou grupos com base no seu sexo.

Sufrágio Universal Processo eleitoral através do voto, onde os leitores escolhem os seus representantes.

Estado de bem-estar social Conceito de Estado que possa garantir ao cidadão o acesso aos direitos sociais a que tem direito.

Políticas afirmativas Formas para se buscar a diminuição de desigualdades que foram construídas além de combater o aparecimento dessas desigualdades. Nas palavras de Celso Antônio Bandeira: “são medidas temporárias e especiais, tomadas ou determinadas pelo Estado, de forma compulsória ou espontânea, com o propósito especifico de eliminar as desigualdades que foram acumuladas no decorrer da história da sociedade. Estas medidas têm como principais “beneficiários os membros dos grupos que enfrentaram preconceitos”.

Xenofobia – Aversão, antipatia a estrangeiros.
Racismo cotidiano – Racismo que se caracteriza de práticas familiares sistemáticas, rotineiras, envolvendo comportamento e atitudes socializadas.

Uffa! parecia realmente que não iria mais acabar! Estes só foram os principais e também são os mais utilizados em nosso cotidiano, por isso é muito importante conhecê-los.

As alunas utilizaram para a confecção do tópico as obras abaixo, que também servem como títulos de pesquisa para o curso:

ANNONI, Danielle (org.), Os Novos Conceitos do Novo Direito Internacional – Cidadania, Democracia e Direitos Humanos, Rio de Janeiro, América Jurídica, 2002.

BANTON, Michael, A Idéia de Raça, Lisboa, Edições 70, 1977.

BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. Cad. Pagu, Campinas, n.26, 2006.

BRASIL. Presidencia da Republica. Secretaria Especial de Politicas para as Mulheres.
2o Premio Construindo a Igualdade de Genero – Redacoes e trabalhos científicos monograficos vencedores – 2007. Brasilia: Presidencia da Republica, Secretaria Especial de Politicas para as Mulheres, 2006.

CARNEIRO, Sueli. Mulheres em movimento. Estudos Avançados, São Paulo, v.17, n.49, dez. 2003.

DEL PRIORE, Mary. Histórias das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004.

FARAH, Marta Ferreira. Gênero e Políticas Públicas. Estudos Feministas, Florianópolis, 12(1):360, janeiro-abril, 2004.

HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento. São Paulo: Editora 34, 2003. Sofrimento de indeterminação. São Paulo: Esfera Pública, 2007.

MATTOS, Patrícia. A sociologia política do reconhecimento. São Paulo: Anablume, 2006.

ROLAND, Edna. O movimento das mulheres negras brasileiras: desafios e perspectivas. In: GUIMARÃES, Antonio Sérgio & HUNTLEY, Lynn. (orgs.). Tirando a máscara. Ensaios sobre o racismo no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 237-256.

SANTOS, Gislene Aparecida dos. Reconhecimento, utopia, distopia. Os sentidos da política de cotas raciais. Tese (Livre docência), Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, 2008. Mulher Negra. Homem Branco. Rio de Janeiro: Pallas, 2004.


Fonte: matéria elaborada pelas alunas Jaiane Loureiro da Silva e Margareth da Penha Spinassé Lechi - alunas GPPGER - Grupo 04 - polo Aracruz. 

Preta Gil sobre Bolsonaro: “Fui injustamente agredida por um político que não só me agrediu, mas a todos que são negros, gays ou que são os dois”

Durante lançamento oficial da 15ª Parada Gay de São Paulo, na noite de quarta-feira, a cantora Preta Gil comentou a polêmica envolvendo o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) e afirmou que foi injustamente agredida pelo parlamentar.
"Passei nos últimos dias por um terror. Fui injustamente agredida por um político que não só me agrediu, mas a todos que são negros, gays ou que são os dois. Eu, no meu caso, sou uma mulher negra, gay e feliz", afirmou a cantora.

A polêmica teve início na noite de segunda-feira, quando o programa CQC, da Rede Bandeirantes, exibiu o quadro "O Povo Quer Saber", no qual o convidado responde a perguntas enviadas pelo público ou personalidades. Preta Gil perguntou a Bolsonaro qual seria a sua reação se seu filho se apaixonasse por uma negra.

"Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco e meus filhos foram muito bem educados. E não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu.", respondeu o parlamentar. No mesmo quadro, ele já havia atacado os gays, criticado o sistema de cotas para negros e condenado o fato de Dilma Rousseff ter sido eleita, por causa de "seu passado". 

Veja o vídeo com as declarações de Bolsonaro ao CQC:



Mais tarde, Bolsonaro chegou a afirmar que havia entendido errado a pergunta de Preta Gil, pensando que ela se referia a relações com gays, e não com negros.

Diversas instituições reagem às declarações de Jair Bolsonaro

Crescem as reações da sociedade civil organizada contra as declarações “racista e homofóbicas” dadas pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) para o programa humorístico de televisão CQC, na última segunda-feira.

Na quarta-feira, a Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB/RJ) ingressou com uma representação contra o deputado por quebra de decoro parlamentar. Na avaliação da OAB/RJ, as declarações do deputado “são inaceitavelmente ofensivas pois têm um cunho racista e homofóbico”, incompatível com as melhores tradições parlamentares brasileiras. “Por isso, vou oficiar o corregedor da Câmara dos Deputados para abertura imediata de processo por quebra de decoro parlamentar contra o referido deputado. O Congresso não merece ter em suas fileiras parlamentares que manifestam ódio a negros e gays", disse Wadih Damous, presidente regional da Ordem.

Também na quarta-feira, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) promoveu um ato de repúdio às declarações do deputado, durante reunião no Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro (CEERJ). O interlocutor da comissão, Ivanir Santos, disse que é necessário abortar manifestações do tipo das proferidas pelo deputado imediatamente.

“Ouvir, em pleno ano de 2011, falas como essas tornam necessário que se atente ainda mais para os perigos que a sociedade corre quando pensamentos fundamentalistas começam a nos rodear. A irresponsabilidade dessas declarações é muito grande”.

Já o presidente da Fundação Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, reagiu com indignação às declarações do deputado federal Jair Bolsonaro. A entidade estuda, com o seu departamento jurídico, a adoção de medidas contra o ato de racismo.

Fonte: Retirado do site http://www.jb.com.br/ em 22 de Julho de 2011.