sábado, 24 de dezembro de 2011

Entrevista

Durante os dias 03, 04 e 05 de novembro de 2011 foi realizada no Sesc de Praia Formosa em Aracruz – ES, a 3ª Conferencia Estadual de Politicas para as Mulheres do Espirito Santo. A Conferencia abordou os seguintes eixos temáticos:

Temário 01 – Análise da realidade Nacional e Estadual, social, econômica, política , cultural e dos desafios para a construção da igualdade de gênero;

Temário 02 – Avaliação e aprimoramento das ações e politicas que integram o II Plano Nacional de Politicas para as mulheres e definição de prioridades, e

Temário 03 – Análise e aprovação da plataforma de politicas para as mulheres visando à construção do Plano Estadual de Politicas para as mulheres.
Na oportunidade foram discutidas propostas para o Plano Estadual de Politicas para as Mulheres, Avaliação do quadro atual das politicas para as mulheres no Brasil (avanços, retrocessos, e desafios) além da elaboração de propostas para o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.

Durante o evento contou-se com a presença de vários representantes de órgão ligados a defesa dos direitos da mulher, dentre os participantes podemos destacar a presença da Ministra Iriny Lopes, da senadora Ana Rita, da Pomotora do Ministério Publico do ES, Dra. Sueli Lima, representantes do CEDIMES – Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher,  Secretario Estadual de Assistencia Social, Trabalho e Direitos Humanos – Rodrigo Coelho,além de várias representantes do entidades e movimentos da sociedade civil organizada, inclusive representantes indigenas, do movimento de mulheres negras, e do movimento LGBT.

Também há que se destacar a presença do coral Maria Marias da penitenciária feminina de Tucum, as detentas fizeram uma apresentação musical durante o evento que emocionou as participantes. Além da participação do coral, foi marcante a presença e participação nos debates,  de duas internas que foram eleitas na Conferencia de Politicas para as Mulheres  realizada dentro do presidio feminino de Tucum. Ambas se posicionaram de forma muito objetiva e demonstraram muito interesse em defender os direitos das mulheres privadas de liberdade, o desejo de superar a condição de detentas e o anceio para que outras mulheres não tenham suas liberdades cerceadas também.

A ministra Iriny Lopes ressaltou a importância do momento e a necessidade de se retirarem os direitos do papel e levar para a prática. Segundo ela um dos principais pilares para a  discussão seria a autonomia como alicerce da igualdade, pois,” sem autonomia não é possivel ser igual.” Ainda segundo a Ministra, para que se retirasem boas propostas de ação seria necessário também partir de um patamar: “o reconhecimento de que perdura a desigualdade entre homens e mulheres no nosso pais; assim como perdura no mundo todo. Agente só pode auterar a realidade que agente conhece adminite e reconhece. A superação da desigualdade é pra nós o eixo central da superação do perigo”.



Lidia e Viviane, Casal de lésbicas presente na 3ª Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres – ES. Foto do arquivo pessoal de Princila da Cunha

Após longos e produtivos debates foramelencadas propostas a serem enviadas para a Conferencia Ncional e propostas para o Plano Estadual de Politicas para as Mulheres, além das propostas foram eleitas 59 delegadas para representar o Espirito Santo na Conferencia Nacional de Politicas para as Mulheres a ser realizada nos dias 12, 13, 14  e 15 de Dezembro de 2011 em Brasília, capital federal. Dentre as eleitas estão o casal de lésbicas entrevistado e a aluna do curso de GPP GeR de Aracruz, Princila da Cunha.

O Casal Lidia e Viviane, namoram há 09 meses e moram juntas há 01 mês em Vitoria. Lidia – 21 anos e Viviane - 20 anos se conheceram na UFES dentro do movimento estudantil, Lidia estuda biblioteconomia e Viviane estuda administração.

Quando questionei como foi à aceitação das famílias elas me responderam que para Lidia foi mais fácil, pois, sua avó também é lésbica, isso facilitou a aceitação, o entendimento e a resposta da família foi bem tranquila, ela percebeu que gostava de meninas aos 12 anos de idade.

Já Viviane enfrentou algumas dificuldades, pois seus pais foram bem preconceituosos, entretanto não reagiram de forma violenta ou agressiva. Para ela, se assumir enquanto lésbica foi fácil, pois, estava engajada no movimento estudantil e por já defender o debate sobre a diversidade sexual. Ainda segundo Viviane a parte mais difícil foi à desconstrução, desconstruir o padrão heterossexual pelo qual foi criada e guiada até o momento em que percebeu que gostava de meninas (aos 19 anos). Para ela essa desconstrução era necessária para poder ficar bem consigo mesma.

Lídia ressaltou que durante toda a vida nós fomos orientadas a sermos heterossexuais, a menina é orientada a se relacionar com meninos e vice e versa desde muito cedo, partir dessa desconstrução é perceber que toda a nossa sociedade é construída dessa maneira, e essa construção parte de uma exclusão social muito grande para as pessoas com orientação LGBT.

Quando avalia a participação na 3ª Conferencia Estadual de Políticas para as Mulheres – ES Lidia diz que por serem mulheres e por serem lésbicas, lutar nos dois segmentos tanto no movimento LGBT como no movimento de mulheres é muito importante para que as lésbicas também sejam reconhecidas enquanto mulheres; lembrar que as políticas públicas precisam contemplar todas as mulheres independente da sua vivencia e da sua identidade, o ganho para as mulheres e principalmente para as mulheres lésbicas é que elas se sintam incluídas e fazer com que as políticas públicas as contemplem também, dentro de toda a diversidade que é o universo das mulheres. O que adianta ter política pública para uma mulher heterossexual se não tem para as mulheres lésbicas como é a realidade, as políticas tem que contemplar TODAS as mulheres.

Texto produzido pela aluna GPPGeR/UFES – Polo Aracruz, Princila da Cunha, com base em uma entrevista realizada durante a a 3ª Conferencia Estadual de Politicas para as Mulheres do Espirito Santo.


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