As relações de gênero e raça, historicamente, têm um elo de ligação com a questão da cidadania. Uma cidadania que busca enfrentar os problemas cotidianos da coletividade, da exploração, da miséria, da desigualdade social, sempre presente na formação social brasileira.
Apesar desses avanços indiscutíveis, a discriminação, a desigualdade dos direitos de mulheres, de negros e negras continua, embora, muitas vezes, disfarçada pelo embranquecimento das relações pessoais, das relações de poder, que algumas mulheres e poucos negros assumem no cenário nacional.
Fontes e Neves (1992) defendem que o planejamento para gênero se faz importante, pois aumenta a qualidade da intervenção sobre a realidade e não se dissocia do controle social; a alocação de recursos passaria a ser mais eficiente e eficaz, melhorando a qualidade de vida e diminuindo os custos de implantação e monitoramento de programas e projetos; isso tudo sem aumentar o trabalho, pois os dados a serem utilizados são os mesmos, mudando apenas a forma de abordá-los. No entanto, essa proposta de mudança parece não ser tão simples como pode parecer. Apesar dos acordos firmados, dos compromissos dentro e fora do país, dos argumentos técnicos, teóricos e políticos, a prática não é efetivada, e essa é uma questão relevante, pois parece que não é apenas o fato de ser indicado, acordado ou definido como política prioritária que uma política pública se realiza.
Para Machado (1999) a questão de gênero ainda não foi devidamente incorporada aos programas de desenvolvimento, ao planejamento das administrações municipais e às políticas públicas. Esta questão se apresenta ainda incipiente, e as experiências relatadas são tentativas para execução de políticas públicas de gênero. Seria necessário o entendimento da questão de forma ampla, com a sensibilização para a situação complexa da ondição de ser mulher, considerando as diversas necessidades além das de gênero, como: etnia, classe, credo, faixa etária. Muito se tem a estudar e pesquisar sobre o tema, entretanto as argumentações existentes já fundamentam a necessidade de se considerar a incorporação da perspectiva de gênero nas políticas públicas, o que pressupõe vontade política.
Entendemos que não há desenvolvimento e justiça social, sem valorizar as mulheres e sem promover a justiça e a igualdade de gênero e raça.
Referencia: Moraes, Eunice Léa de. Relação gênero e raça na política pública de qualificação social e profissional. Brasília: MTE, SPPE. DEQ, 2005. 39 p. – Construindo identidades sociais; v. 1. Coleção Qualificação Social e Profissional
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